segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Eunice Munoz...setenta anos de artista

Setenta anos de vida artística de Eunice Munoz. Tempo de uma vida e ei-la, de boa saúde, hoje como ontem, pronta a entrar em cena. E assim será em muitas outras noites, se Deus quiser. A televisão facilitou o reconhecimento público de Eunice. A telenovela criou e alimenta a popularidade da Artista, transformando-a numa amiga que, sem nunca precisar de convite, nos visita quase todas as noites.

As primeiras imagens que dela guardo datam do tempo em que o cinema era uma raridade para mim. Os filmes Ribatejo e Homem do Ribatejo representavam a região onde nasci e, por tal motivo, muito apreciados. Aí surgia Eunice, a heroína, linda e elegante. Vestia calças e movia-se nesse cenário campestre, onde não raras vezes a Natureza irrompe com violência. Razões suficientes para que as memórias dessas histórias de final feliz me apareçam associadas a sentimentos de pânico causados pelas imagens das cheias na lezíria.

Passadas as sessões do meu "Cinema Paraíso", que funcionava numa velha cerâmica, cheguei depois aos anos sessenta quando "conheci" pessoalmente Eunice. Encontros no autocarro para Belém, sempre à segunda-feira, a caminho do Museu de Arqueologia. Demorava-me numa observação discreta, imaginando que ela estaria de regresso a casa depois do ensaio no D. Maria. Vestia-se de forma muito simples e continuava muito bonita. De uma beleza que ainda se vislumbra no rosto de uma senhora de oitenta e três anos....

domingo, 27 de novembro de 2011

Fado é Património Mundial







Alegremo-nos no dia em que o Fado passa a património imaterial da humanidade. Não é preciso saber cantar, basta ouvir e sentir o fado. Ao acaso, deixo três interpretações.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"A minha palavra favorita"



"A minha palavra favorita", título de um livrinho que encontrei um destes dias num alfarrabista. Ideia curiosa a que se submeteram personalidades diversas que, posteriormente, viram publicado o resultado. Vale a pena apreciar estas palavras que, sendo escolhidas em plena liberdade, divergem no modo como se expressaram. De entre todas, retirei uma: amor. Pela simples razão de respeitar a todos, porque de amor nascemos e vivemos...desse sentimento imenso como o espaço.




" Amor começa com a letra a, a primeira letra do alfabeto. Por isso, o amor está no princípio de tudo, no caos original, quando Deus ainda não tinha inventado o primeiro dia nem Eva descobrira a maçã do desejo.
A segunda letra é um m, de madrigal, de mãe, de morte, porque o amor é sempre uma maneira de afastar a mãe, de adiar a morte.
O o não falará de ódio, nem de olvido - é um o de orgulho, de odisseia, é uma praia quando a maré está cheia e a areia diminui envergonhada e frágil.
O r é o que resta quando o amor acaba - quantas vezes remorso, raiva, rebeldia e a memória longínqua do primeiro dia da primeira palavra, do primeiro beijo.

Escrevo esta palavra e acorrem outras que dizem quase o mesmo. A palavra irmão. A palavra Abril. E o teu nome flutuando ao vento, inteiro e limpo, encostado à brancura da cal, dormindo entre lençóis de puro linho."


Manuel Alberto Valente, Amor in A minha palavra favorita, Centro Atlântico.pt

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Silva Porto



O mar e o campo encontram-se bem representados em Silva Porto, o mestre do Naturalismo em Portugal.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A fidelidade de um Cão



Uma mensagem especialmente dirigida aos que abandonam os animais. A fidelidade do cão é proverbial e a presente história confirma-o. Depois de esperar tanto tempo, ainda não esqueceu a perda da dona. Retomar a normalidade é agora a tarefa dos adptantes que, pouco a pouco, ganham a confiança do animal. Ignorando-se o seu nome, pede-se a colaboração dos telespectadores na escolha da nova identidade...

Hoje, Dia de Santa Cecília








Em Dia de Santa Cecília os músicos lembram a sua padroeira.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Economia e crise, uma explicação...




Para que conste, registo o mail que a Guida me enviou. Muito pertinente a explicação, porque estes são, de certo, os "males" (todos os males?) desta crise global. Mensagem que remete para a reflexão de todos nós, cidadãos comuns e políticos. A estes exige-se a resposta adequada, espera-se que seja com a maior brevidade...

Do marron glacé e da poesia


Nada como um marron glacé para adoçar os dias frios. Dar uma dentada e outra, sempre devagarinho para não perder nada dessa feliz combinação doce. Eis um desejo adiado para outra vez, numa qualquer tarde invernosa quando a ideia de dieta for esquecida.

Andando nestas cogitações do "não pode ser hoje", decidi investigar se os poetas também podem ser gulosos por marron glacé e descobri um, Chico Buarque de Holanda. Dessa agradável surpresa poética que mistura paixão com outros prazeres de coisas e lugares fica o registo. A isto costuma dizer o povo que "quem feio ama, bonito lhe parece". Um ditado bem aplicado, veja-se como.

"Canção de Pedroca

Quando nos apaixonamos
Poça d'água é chafariz
Ao olhar o céu de Ramos
Vê-se as luzes de Paris

No verão é uma delícia
A brisa fresca de Bangu
Mesmo um cabo de polícia
Só nos diz merci beaucoup

Eu ouço um samba de breque
Com Maurice Chevalier
Bebo com Toulouse Lautrec
No bar do Caxinguelê

Daí ninguém mais estranha
O Louvre na Praça Mauá
E o borbulhar de champanha
Num gole de guaraná

Cascadura é Rive Gauche
O Mangue é Champs Elisées
Até mesmo um bate-coxa
Faz lembrar um pas-de-deux
Purê de batata roxa
Parece marron glacé

Chico Buarque "

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Futebol, a alegria que nos faltava







Ontem à noite realizou-se o Portugal - Bósnia com um resultado histórico de 6-2. Eram muitos os receios, mas a vitória começou a adivinhar-se com o primeiro golo de Ronaldo aos 8 minutos. Seguiu-se um outro de Nani e, então, houve ainda tempo para sofrer. Só que o dia era mesmo nosso e os golos sucederam-se.

Confesso que gostei muito do jogo. Da luta esforçada e da entre-ajuda destes rapazes que trabalharam todos para o mesmo lado. Cristiano, que muitas vezes tem sido acusado de vedeta, jogou para a equipa. E a sorte compensou-o com dois golos...
Gostei também muito da alegria no Estádio. À saída havia sorrisos, e gritos de jovens e de outros menos jovens. Em todos o mesmo estado de alma, uma alegria que dura até hoje e que, espero, há-de prolongar-se. Tudo isso, porque ganhámos. Um sentimento de euforia associado à manhã de Sol que, segundo um ouvinte de TSF, se reflectia no número de vendas acabadas de fazer. Optimismo precisa-se! Que venham mais momentos destes!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cidades perdidas no Saara


"Imagem de satélite do deserto com interpretação arqueológica: fortificações emolduradas a negro, áreas de desenvolviemnto a vermelho e jardins de oásis a verde"


Notícia recente: as cidades "perdidas" no Saara. Derrubado o regime de Kadaphi, abre-se uma porta à investigação arqueológica. Depois da Líbia, muito haverá também por explorar no Sudão. Isso ficará para mais tarde, quando o regime cair...Por ora, fixemo-nos na informação dada pelo Jornal de Notícias on line.



"Satélites revelam que existem mais de 100 cidades com fortes e castelos, escondidas no deserto do Saara, na Líbia.
As cidades pertenciam a uma civilização muito antiga, conhecida como os Garamantes, e esta descoberta mostra que, embora fossem bárbaros nómadas, eram muito mais complexos do que aquilo que se acreditava.
David Mattingly, o chefe da exploração, disse que "os Garamantes eram muito civilizados, viviam em grandes aldeias fortificadas como agricultores nos oásis". Eram um Estado com uma linguagem escrita e tecnologias avançadas. Foram pioneiros no estabelecimento de rotas de comércio pelo Saara.
A descoberta desta civilização vai permitir que "crianças líbias conheçam a sua história", disse Mattingly.
O fim do conflito armado na Líbia vai permitir que arqueólogos britânicos retomem as investigações no sudoeste do país, de onde tiveram de sair em Fevereiro, quando começou a revolta contra Kadafi, morto a 20 de Outubro.
A equipa de exploração já conseguiu identificar restos de tijolos de complexos semelhantes aos castelos, com paredes ainda existentes, além de traços de habitações, cemitérios, poços e sistemas de irrigação."




Exílios dourados em Portugal

Durante a II Guerra Mundial e nos anos imediatos, Portugal assumiu um protagonismo nunca visto. À conta da neutralidade, o país transformou-se num palco privilegiado de encontros políticos, de passagem de espiões e de residência de exilados famosos. Reis e aristocratas, magnatas da indústria e banqueiros conviviam num quotidiano discreto e pacífico em Lisboa e no eixo Estoril-Cascais. É deveras curioso apreciar o registo da presença dessas figuras reais. Num artigo intitulado Vida Boa a do Exílio Real no Portugal de Salazar, o Diário de Notícias do último sábado referenciava alguns episódios. Fica a transcrição de um excerto.


" Orson Welles, em 1946, passou umas semanas no Hotel Palácio, no Estoril, e certa tarde, quando tomava chá, fica deveras espantado com o ambiente: um homem alto, "de porte distinto", de súbito, cativa toda a atenção do pessoal do bar. "Quem é este homem?", quis saber o actor o actor norte-americano. "É o rei de Espanha, senhor". Ao sair do bar, cruza-se com outro homem, os empregados dizem "Majestade", enquanto se respeitosamente se curvam. "É o rei de Itália, senhor". Já na recepção do hotel, ao pedir a chave do quarto, Orson Welles vê um elegante casal e "todo o pessoal interrompe o que está a fazer e inclina-se: "São o rei e a rainha de França, senhor".

Seis anos antes, em fuga para os Estado Unidos, o escritor e aviador Antoine de Saint-Exipéry "ficava no mesmo hotel de Orson Welles. "Lisboa surgiu-me como uma espécie de paraíso luminoso e triste", escreve. O autor de O Principezinho ia, por vezes, ao Casino, perto do Hotel , ver os que jogavam à roleta ou ao bacará conforme as fortunas. Não sentia indignação nem ironia, mas uma vaga angústia. Aquilo que nos perturba no jardim zoológico diante dos sobreviventes de uma raça extinta. (...) Esforçavam-se por acreditar, ligando-se ao passado, como se nada tivesse começado a estalar há uns meses sobre a terra, na cobertura dos seus cheques, eternidade das suas convicções. Era irreal. Lembrava bailado de bonecas.Mas era triste. "

domingo, 13 de novembro de 2011

Origens de Winston Churchill

" Um "tipo estouvado". Com 24 anos de idade, Randolph vagabundeava por França depois de ter passado com distinção o exame de Oxford não tinha nada para fazer e esperava pela dissolução da Câmara dos Comuns, à qual se devia candidatar. Foi aí que conheceu certo dia uma das grandes beldades do século : Jennie Jerome, uma americana de ascendência franco-escocesa com um pouco de sangue índio. Não tinham ainda decorrido 48 horas e já estavam noivos. O pai era um perspicaz homem de negócios de Nova Iorque milionário mas também novo-rico e excêntrico. A família Churchill ficou horrorizada com a perspectiva do enlace. E foi por esse mesmo motivo que o pai de Jennie também ficaria horrorizado ( "estes americanos são orgulhosos como o diabo"). Apesar de tudo isto, os jovens casaram meio ano ano mais tarde no registo civil da embaixada britânica em Paris. Sete meses mais tarde nasceu o primeiro filho no vestiário das senhoras do Palácio de Blenheim, a residência digna de um rei que o grande Marlborough tinha erigido como monumento. Apesar da gravidez em estado avançado, Jennie tinha insistido em ser convidada para o baile que aí se realizava. As contracções começaram enquanto dançava. Ela saíu do salão de baile dirigindo-se para o seu quarto "através do corredor mais comprido da Europa", mas apenas chegaria até ao vestiário das senhoras. O precipitado parto deu-se ali mesmo, entre abafos de de veludo, casacos de pele e chapéus de plumas. Era 30 de Novembro de 1874 e o filho que nasceria nestas circunstâncias era William Churchill."






Sebastian Haffner, Winston Churchill,

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Agente Meirelles, precisa-se!




"Gentilieza gera gentileza", o espírito de cidadania de um polícia brasileiro.
Quem dera ter muitos agentes policiais como este!

Surfar em Portugal!...



Para aliviar da onda negativa das últimas mensagens, remeto-vos literalmente para uma outra onda. Uma onda gigante na Nazaré que teve honras de acontecimento no mundo surfista quando um dos "seus melhores" a desfrutou...

A Nazaré garante outros motivos de atracção. Não há em Portugal quem desconheça esta vila piscatória que nasceu à sombra do Sítio, onde se localiza o Santuário a Nossa Senhora que assinala o milagre mais antigo da terra. Demorar os olhos no mar fronteiro é obrigatório até ganhar apetite para uma boa refeição. E, se possível, assistir à exibição do rancho folclórico. Diz quem aí esteve que essas são imagens que nunca mais esquecem!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Goya e Manet

Goya, 3 de Maio 1808 (pintado em 1814)

Execução de Maximiliano ( 1867)



Goya e Manet numa "associação" que, desde manhã, exigia ser publicada...

Europa, Europas...que futuro?



Liberdade, democracia, solidariedade. Capitalismo, mercados, globalização. Sociedade em crise de valores. Palavras alinhadas para exprimir a desilusão de um projecto de União Europeia que falhou. Os ""grandes Estados" e os gabinetes políticos traçaram ( e continuam ) a traçar a vida das "comunidades nacionais". Os governos assinaram tratados que o povo, salvo raras excepções, não referendou. E hoje, que é evidente o contágio da crise, sente-se a secessão da Europa.

Acabou-se o sonho, a incerteza paira. Novos "capítulos" deste processo esperam-se nos próximos dias...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O prazer de ouvir Liszt



"A música gera um tipo de prazer que a natureza humana não pode prescindir. " Confúcio


Liszt compôs Prelúdios. porque esse é o "estado" do homem desde o berço ao túmulo. Um percurso mais fácil de percorrer se tiver a música por companhia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A solidão de um político




Sendo humanos, os políticos comportam-se como todos nós. Hoje penso naqueles que, agindo de boa fé, sentem a incompreensão do povo e até dos seus mais próximos colaboradores.Pressionados por todos os lados, tomam decisões em nome do colectivo que os acusa e recrimina.


Não distingo entre esquerda e direita, porque os sentimentos de injustiça a todos afecta. Olho para a velha Europa que, segundo se diz, virou "à direita". E dizem os seus apoiantes que isso fica a dever-se aos erros cometidos pelos governos de "esquerda". Perigosa generalização. Se não, veja-se o caso de dois países hoje em foco: Grécia e a Itália. O primeiro, socialista, procura sobreviver depois de um governo conservador e o segundo que, estando sob a batuta de Berlusconi, ameaça naufragar. Ambos sob a prescrição de um remédio doloroso que produz graves efeitos na vida do povo... que reage.


Por esta hora, o Parlamento de Atenas debate a crise. A proposta de referendo caiu e Papandreu, atacado interna e externamente, procura justificar-se. Não sei qual o desfecho, mas confesso que compreendi a atitude do Primeiro-Ministro. Devolvendo a palavra ao povo, quis "responsabilizar" todos os gregos. Então, a "Europa estremeceu", dando sinais de reconhecer que as culpas não abrangem só os devedores. Isso mesmo compreenderam os gregos. Ou, pelo menos, alguns. Ouvindo tais depoimentos não pude deixar de pensar que a democracia nasceu em Atenas. E de como em nome de uma ideia se pode viver em solidão...