sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Egipto...que futuro?

A Tunísia deu o mote e os povos vizinhos acolheram os ventos de mudança. Mas o rumo dos acontecimentos no Egipto faz recear o pior. A agitação tomou conta das ruas e não parece haver regresso do ambiente de ferro e fogo. Que futuro espera os egípcios?

Da Internet retirei as últimas notícias do Cairo, de "uma cidade que não dorme..."

"O exército egípcio dispersou manifestantes que tentaram tomar a televisão estatal e a polícia impediu-os de se dirigirem para o Parlamento, noticia a agência Reuters. O canal noticioso Al Arabiya havia dado conta que o edifício da televisão havia sido ocupado, mas a emissão não chegou a ser interrompida. No país, o número de mortos desta sexta-feira subiu para 18 e há ainda mais de 1100 feridos.

Segundo a Al Jazeera, os manifestantes tentaram também ocupar os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Informação, salientando que a sede do Partido Democrático Nacional (PDN), a que pertence Hosni Mubarak, foi incendiado.
Foram também incendiados pelo menos dez veículos da polícia. Nas imagens televisivas foi possível ver uma carrinha das autoridades em chamas, perto da sede da Al Jazeera no Cairo.
Os jornalistas desta estação deram conta de uma situação muito instável na capital, com o som de disparos, rebentamentos e muitos protestos, em pano de fundo, num claro desafio ao recolher obrigatório que foi alargado a todo o país. «Esta cidade não vai dormir esta noite», resumiu assim um dos jornalistas o ambiente que se vive no Cairo.-"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Museus...e visitas guiadas

Sempre que posso não perco uma visita guiada a um Museu. Mas nem sempre as expectativas corrrespondem à realidade. Por deficiência dos ditos técnicos, porque simpatia e personalidade assertiva ( como agora se diz) não bastam. E custa tanto ouvir erros crassos...

Deixo só o desabafo, porque não quero ferir susceptibilidades. Aos Senhores responsáveis pelos serviços culturais dos Museus, fica o apelo: exijam mais formação aos vossos técnicos!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Feliz aniversário, Eusébio!

Parabéns, Eusébio! E já lá vão 69 anos...mas para nós, os mais velhos, parece mentira. Para iludir o tempo que passa, resta a lembrança daqueles golos inesquecíveis!!

A RTP associa-se à festa e recorda aqueles momentos de glória que também fazem parte do nosso imaginário. Sinal de que já vivemos e queremos continuar, deixando entrar um pouco de nostalgia desses gloriosos anos 60...

Ravel, o "alquimista"





Maurice Ravel, famoso compositor que alguém apelidou "alquimista dos sons", continua a seduzir-nos. Considerava Pedro de Freitas Branco o seu "intérprete preferido", uma escolha inabalável até ao fim dos seus dias. Um gosto e uma honra que nós, portugueses, desfrutamos através deste encontro de personalidades geniais.


Nota - Clicando no título é possível saber mais acerca de Ravel...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eleições


Chegou o dia de votar para eleger o PR para os próximos cinco anos. Sendo previsível o resultado, a maioria dos portugueses preferiu o aconchego da casa e não votou. Por esta hora ainda não se conhece o grau de abstenção, mas deve ultrapassar os 50%. Nada de espantar, uma vez que a campanha eleitoral decorreu triste e deprimente num ambiente que mais servia para desmobilizar...

Mais uma nota. Tão deprimidos andam os portugueses que o dia de eleições deixou de ser um acontecimento festivo. Habituada a uma alegre cumprimento de amigos e vizinhos neste vaivém de procurar a mesa de voto, dei-me conta de cruzar com rostos franzidos, reclamando contra a confusão causada pelo cartão do cidadão. O famigerado cartão do cidadão, o tal que é simplex, falhou. E muito se há-de falar ainda destas modernices burocráticas....

Mais um lamento que, desta vez, exclui as coisas políticas. Onde páram os vendedores ambulantes que, à porta das assembleias de voto, ofereciam as belas castanhas assadas? Senti-lhes a falta, "quentes e boas" nesta tarde fria de Inverno. Daqui o meu apelo aos vendedores que não faltem nas próximas eleições, não se abstenham...compareçam!...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Se eu pudesse

Serra da Lousã, foto in Internet

Aceitar os limites e contradições do homem, compreender que na vida não somos o que queremos. Do caminho da Natureza e da sua diversidade aprende-se a lição. Espécie de segredo que o Poeta captou e aceitou...

"Se Eu Pudesse

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
que o poente é belo e

é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ..."

Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Da Baía e da memória da História

A toponímia traduz a memória da História. Disso fala a experiência. Não é por isso de estranhar a mudança que acontece na sequência de revoluções, de alteração de regimes ou dos heróis do momento. Fenómeno nem sempre compreensível ... mas, que fazer?

A questão da toponímia não passou despercebida a Laurentino Gomes em 1822, uma obra acerca da independência do Brasil, cuja leitura recomendo. Passo à transcrição.

"Nenhum estado brasileiro comemora a independência do Brasil com tanto entusiasmo como a Bahia. As diferenças começam pelo calendário. O feriado de 7 de Setembro, marcado nas outras regiões por desfiles militares e escolares aos quais o povo raramente comparece., é ignorado pela maioria dos baianos. A verdadeira festa acontece no dia 2 de Julho, data da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. E só perde para Carnaval. Antes do alvorecer milhares de pessoas saem às ruas para participar nos festejos. (....).

A Bahia decidiu o futuro do Brasil na sua forma actual, mas a festa do Dois de Julho é hoje praticamente desconhecida pelos brasileiros das outras regiões. Ao contrário do Carnaval e, apesar de também reunir milhares de pessoas, raramente é notícia nos jornais e emissoras de rádio e televisão fora da própria Bahia. Porém, um visitante desavisado que chegue à capital baiana nessa data perceberá logo ao desembarcar uma nota dissonante: o aeroporto de Salvador, que até há alguns anos atrás se chamava Dois de Julho, mudou de nome. Agora, chama-se Lúcio Eduardo Magalhães, em homenagem ao político baiano falecido em 1998. É uma prova de que o coronel da actualidade será sempre mais lembrado que todas as glórias do passado."
In 1822, pgs. 171-182

sábado, 15 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tragédia no Brasil




A tragédia abateu-se sobre a serra que envolve o Rio de Janeiro como se observa nestas imagens de destruição e morte. Pequenas cidades de raro encanto transformadas num cenário terrífico, onde o número de mortes ultrapassa já as cinco centenas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Encontros de Amizade

A amizade cultiva-se. Às vezes, a geografia distancia os contactos e aos velhos amigos juntamos outros que se cruzaram no caminho da vida. E de todos eles precisamos. Os amigos da juventude entraram numa espécie de hibernação, esperando um reencontro para o despertar. Pensava nisto quando regressava de um almoço de velhas amigas, onde ocorreu a partilha de alegrias, risos e experiências de muitos anos. Tantos anos que nos pareciam um século...tal a lonjura que nos separa da Faculdade de Letras no final dos anos 60.

A sensibilidade dos poetas compreende melhor a riqueza de um amigo. Para traduzir esse sentimento Vinicius de Moraes escolheu as palavras certas...

"Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância. Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo. Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo"

Vinícius de Moraes


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Nova funcionalidade do cinzeiro


A imagem retirada da Internet mostra a nova funcionalidade do cinzeiro. Com a entrada em vigor da nova lei anti-tabaco, um bar de um município da Galiza tornou-se notícia, usando os cinzeiros como prato de tapas.

Aquilo que, de começo, parecia um caso de reciclagem tornou-se moda. Criatividade que espantou o referido proprietário que até hoje nunca tinha comprado tantos cinzeiros de vidro...

Estas notícias, que a TVE transmite, reflectem o engenho humano. Mais um exemplo ainda dentro da mesma temática. Os fumadores de Valência, que não queiram deixar o vício, podem agora desfrutar de uma esplanada ao ar livre, onde uma manta os protege de um qualquer resfriado. E tanta é a afluência de clientes que já se nota um aumento na produção de mantas. Se por esta via não vem mal à economia, quanto à saúde...não sei.

Mourinho, o melhor!




O treinador, que se declarou " um orgulhoso português", provou o seu indefectível amor à pátria. Por isso, todos nós lhe devemos a retribuição do cumprimento com um "Portugal orgulha-se de José Mourinho!".

Como ele reconhece, estes triunfos internacionais assumem grande importância para levantar o ego dos portugueses. Ninguém duvida, porque grande é a tristeza que anda por aí!...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Metade de mim...




Mesmo com notícias deprimentes é sempre possível recorrer à poesia.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Campo Grande, um jardim de Lisboa

Passeio de barco no lago

Jardim do Campo Grande em Lisboa, uma imagem para recordar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Malangatana, o adeus!

Mal podia imaginar que tão cedo voltaria a Malangatana que esta madrugada nos deixou. Tinha 74 anos, uma idade de muitas esperanças para a produção artística. A notícia impressionou-me por dois motivos, a começar pelo desconhecimento do seu estado de saúde. E mais ainda pelo facto de ontem o ter citado. Uma espécie de premonição da sua morte, não pude deixar de pensar...

Para Malangatana, que acredito esteja agora na presença do Pintor Supremo, desejo que descanse em paz. De certo que, sendo crente na imortalidade da alma, o Artista saberá apreciar esse espaço onde o azul domina. A alegria de pássaros azuis e bagas vermelhas num encontro de mar e céu!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Rumo à África

Malangatana (Moçambique)

António Gomes Gonga (Angola)

Evasão é vontade que apetece nestes dias em que o frio aperta. Mas sendo impossível voar até às terras de África, resta-me a sugestão dos artistas.

Carlos Saura e Fados...




Neste dia 4 de Janeiro do ano de 1932 nasceu Carlos Saura. E que melhor homenagem ao realizador espanhol que publicar um excerto do seu filme "Fados"?...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Portugal meu Avozinho


Em Dilma, a nova presidente do Brasil, recaem todas as esperanças. Que as expectativas de um mandato de sucesso não sejam goradas para bem do povo brasileiro!

Ainda na onda de Manuel Bandeira relembro as raízes culturais deste povo "feito de três continentes" que bordejam o Atlântico. Em palavras simples de carinho, a homenagem do Poeta ao encontro inter-geracional deste "Portugal avozinho" com os seus descendentes....



"Portugal meu Avozinho

Como foi que temperaste,
Portugal, meu Avozinho,
Esse gosto misturado
De saudade e de carinho?

Esse gosto misturado
De pele branca e trigueira,
Gosto de África e de Europa,
Que é o da gente brasileira.

Gosto de samba e de fado,
Portugal, meu avozinho.
Ai, Portugal, que ensinaste
Ao Brasil o teu carinho!

Tu de um lado, e do outro lado
Nós… No meio o mar profundo…
Mas, por mais fundo que seja,
Somos os dois um só mundo.

Grande mundo de ternura,
Feito de três continentes…
Ai, mundo de Portugal,
Gente mãe de tantas gentes!

Ai, Portugal de Camões,
Do bom trigo e do bom vinho,
Que nos deste, ai avozinho,
Esse gosto misturado
Que é saudade e que é carinho!"


Manuel Bandeira (Recife, Brasil, 19/4/1886 – Rio de Janeiro, 13/10/1968)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Último Poema


O primeiro de Janeiro, Dia Mundial da Paz, cumpre o desejo do sentimento mais puro do homem. Lançar uma benção extensiva a todos os homens, de todas as etnias e credos, isto é, reconhecer o direito pleno da igualdade. Condição que passa por ultrapassar conflitos, partindo da aceitação das diferenças.

Nada melhor do que recuar à origem latina da palavra abençoar, benedicere, a que se opõe maldizer. Um acto que começa em cada um de nós, porque aí começa a paz. E das atitudes e comportamentos individuais chega-se à família e desta à sociedade...
Esta introdução serve de pretexto para trazer um poeta. Manuel Bandeira que, por certo, quis dar um sentido apaziguador no Último Poema. Título que provém não da ordem cronológica, mas antes da mensagem que pretende legar...


O ÚLTIMO POEMA

Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Bandeira, Manuel, 1886-1968
Libertinagem & Estrela da Manhã, 1.ed. especial - Rio de Janeiro
Nova Fronteira, 2005

E os nossos Alunos?



Começa o ano e as preocupações com a educação persistem. Os conhecimentos dos nossos alunos continuam deficientes como se prova pelos resultados publicados pelo GAVE. Pensar que a distribuição de computadores é suficiente para melhorar a aprendizagem é um erro que os mentores do sistema educativo desconhecem ou ignoram. A destreza manual, o amadurecimento neurológico, emocional e intelectual da criança têm os seus tempos que não devem ser menosprezados.

Ensinar a olhar e a reflectir, partindo à descoberta dos "mistérios" da natureza é desenvolver a capacidade mental e emocional. Criar o gosto pelo belo e pela ordem, a riqueza da linguagem e a precisão dos números ...tantas coisas e tantas formas de alcançar esses objectivos. A leitura de um texto (não esquecer a poesia ), a observação de uma obra de arte, a localização geográfica, a avaliação do tempo, o cálculo mental...

Tantas maneiras de fomentar a aquisição de conhecimentos e desenvolver as capacidades mentais e destrezas psico-motoras das crianças. E tudo isto antes da utilização do computador que será sempre e só uma ferramenta que nunca pode dispensar as capacidades do seu utilizador.

Só mais uma nota. O êxito da educação depende de muitos outros factores. A disciplina e aproveitamento escolar traduzem o contexto da família e da sociedade. Aí residem os valores que se pretende inculcar nos jovens: disciplina, rigor e honestidade... E a isso, que respondemos nós?