quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Amigos em comunhão com Deus



Vinicius é um grande poeta que soube transmitir aquilo que o comum sente, mas não sabe exprimir. Escolhi este poema adequado à época de Natal. Aos amigos, próximos ou distantes, que sempre "comunicam" connosco...em Deus,

Empobrecer. Emigrar. Morrer?

A mensagem anterior remete-nos para os "velhos" nos jardins ou nos centros comerciais, esperando não se sabe o quê. Sempre achei deprimente estas "imagens estáticas" de quem foi activo durante muitos anos. Agora, encurtado o seu futuro, vêem reduzida ainda mais a esperança de um quotidiano digno. Esquecidos pelos políticos ( o Governo nem os mencionou na mensagem de Natal), sentem-se um impecilho da sociedade.

No comentário semanal, Nicolau Santos resume com alguma ironia a situação do País. Um artigo, cujo título copiei.


"O primeiro-ministro já tinha dito que só saímos desta crise empobrecendo. Agora seguem-se as recomendações para os jovens e professores emigrarem. Falta acrescentar que daria jeito que os portugueses com mais de 65 anos morressem. Resolviam-se assim vários problemas que nos afligem: o desequilíbrio externo e sustentabilidade do sistema de segurança social. Uma receita propria da quadra que atravessamos: Jesua era pobre. emigrou e morreu jovem. Excelente Natal para todos - porque ainda vamos ter muitas saudades do Natal de 2011."

Pensionistas, que futuro?


"A confederação dos reformados, pensionistas e idosos considera o aumento das taxas moderadoras um “imposto disfarçado” e receia que a medida afaste dos utentes dos serviços públicos, fazendo disparar a morbilidade e mortalidade, avança a agência Lusa.
Em comunicado, a MURPI – Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos afirma que o aumento das taxas moderadoras vai provocar o afastamento de milhares de portugueses, designadamente reformados e pensionistas, dos serviços públicos de saúde, com o consequente agravamento das suas doenças e aumentando deste modo a morbilidade e a mortalidade."


Os media de hoje calculam em 17,4 a perda dos vencimentos dos funcionários públicos e pensionistas. Problemas à vista, particularmente ao nível dos cuidados de saúde. É a vida que temos !!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sol de Inverno



Cumprir aquelas voltas de obrigação num dia de Sol é um prazer. É este o meu estado de espírito em dias como o de hoje quando Lisboa ganha outra luz e as pessoas parecem mais animadas. Dia de Sol de Inverno...reparei agora na apropriação de um título cantado por Simone. E já para agravar o "meu crime", não é que retirei da Internet esta fotografia com a Ponte 25 de Abril?! ...

Pecado confessado, pecado perdoado. Enquanto por esse hemisfério norte há quem tirite de frio e se proteja das fúrias da Natureza, Portugal usufrui desta benção do Céu! Aproveitemo-la bem !!

Sá, uma aldeia democrática




A RTP passou a estória da freguesia de Sá, um exemplo de democracia directa, onde os habitantes exprimem livremente os seus pareceres e anseios. Nota interessante: um projecto que associa a modernidade e a tradição, realidades de gerações distintas que passaram a unir o povo da aldeia. Internet wireless e rebanho comunitário. Sabe lá se não está aqui o segredo para combater a desertificação e atrair mais gente para o interior!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Portugal entre os paises lusófonos...



Portugal desce do primeiro lugar entre os países lusófonos. O Diário de Notícias on line regista a descida da velha metrópole, uma situação que poderá ser explicada pela intervenção da troika num país em austeridade e ameaçado por uma crise prolongada. Ultrapassado assim por Cabo Verde que segue de vento em popa. Regozijemo-nos por isso, esperando que o seu exemplo frutifique.



"Cabo Verde é o país lusófono mais democrático, tendo ultrapassado Portugal no último ano, revela o Índice da Democracia 2011, do Economist Intelligence Unit, que coloca Angola e Guiné-Bissau entre os piores.
O índice, realizado pelo serviço de investigação da revista "The Economist", vai na quarta edição e avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, colocando-os em quatro categorias: democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários.
Segundo o relatório, Cabo Verde é o 26.º país mais democrático e o primeiro na categoria das democracias com falhas, sendo seguido de Portugal. Os dois países trocaram de posição, já que em 2010 Portugal era o 26.º e Cabo Verde o 27.º.

Num total de 10 pontos possíveis, Cabo Verde obtém 7,92 (menos duas décimas do que em 2010), o que resulta de uma avaliação baseada em cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo (9,17 pontos), funcionamento do governo (7,86), participação política (7,22), cultura política (6,25) e liberdades civis (9,12).
Cabo Verde é referido como um dos seis países da região da África subsaariana onde as eleições são consideradas livres e justas, juntamente com o Botswana, o Gana, as Maurícias, a África do Sul e a Zâmbia.
Entre as democracias com falhas surgem ainda Timor-Leste, que se manteve no 42.º lugar, e o Brasil, que desceu da 47.ª para a 45.ª posição, ex-eaquo com a Polónia."

sábado, 17 de dezembro de 2011

Cesária Évora, a saudade



Cesária deixou-nos. A notícia, não sendo de todo inesperada, traz-nos à lembrança a nostalgia de uma voz inconfundível que soube dar nome a Cabo Verde. Nesta hora, o povo enlutado chora a perda da sua Artista maior, a qual há-de ser sempre recordada com saudade...a sôdade que ela tão bem cantava.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Touradas à Corda nos Açores

Em Portugal , a tourada é um espectáculo apreciado por uns e, por outros, muito contestado. Polémicas à parte, a tradição continua. Disso sabem os açorianos que desfrutam a tourada da maneira menos convencional, trazendo a praça de touros para a rua...



Não há quem viva mais e melhor as Touradas à Corda que a ilha Terceira dispensa a todos os que nelas quiserem participar... Assim se vive o espírito de festa taurina!!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Itália e as medidas de austeridade




À crise responde a Europa com medidas de austeridade. A este propósito, os media publicaram com destaque o sentir da Ministra do Trabalho e Assuntos Sociais de Itália, anunciando mais sacrifícios aos seus concidadãos.

Lágrimas que mereceram muitos comentários. De pesar pela "morte do Estado social", disseram alguns com razão. Porque liberalismo puro e duro é o caminho que Europa toma, embora nem todos os políticos reajam de forma idêntica...

Seria bom que Portugal copiasse o exemplo vindo de Itália. Da sensibilidade da Ministra que legisla a contra-gosto e do Primeiro-Ministro que prescindiu do vencimento de chefe do Governo e de Ministro das Finanças.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Quando o milagre acontece!





Numa pequena balsa, seis pescadores perdidos no Atlântico durante sessenta horas. Mais um naufrágio de pescadores de Caxinas era o pensamento geral, incluindo o dos familiares. Buscas infrutíferas, perdida a esperança até que a boa nova chegou cerca das 11 horas da manhã. Acompanhei os pormenores e comovi-me...

Para que não caia no esquecimento, fica o registo da coragem e determinação daqueles pescadores, que "rezaram mais do que falaram", e ainda da acção meritória dos agentes da Marinha e Força Aérea envolvidos na operação de resgate.

Final feliz que bem pode considerar-se milagre. Do poder da "fé que move montanhas", agiganta vontades e redobra forças de que podem agora falar os náufragos e todos aqueles que colaboraram na sua recuperação.





Nota - À consideração da Presidência da República, fica a lembrança destes " Heróis" para uma condecoração no próximo 10 de Junho.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Da Corrupção...




Portugal ocupa lugar cimeiro entre os países com maior índice de corrupção. Por cá todos sabíamos, embora o facto ganhe mais peso se tiver o reconhecimento internacional. O fenómeno grassa entre políticos e agentes do Estado, empresários e cidadãos anónimos portugueses e estrangeiros. Como diria o senhor de La Palisse: a corrupção implica corruptores...

Tantos e tais são os casos que, por vezes, reagimos com indiferença. O título do Jornal de Notícias de hoje avança mais, alertando para as consequências da corrupção. E isto entristece-nos e alimenta o descontentamento e a revolta.

Sentimo-nos todos ludibriados pela atitude dos políticos que, sendo tão prontos a criticar, logo esquecem as promessas eleitorais. Nada muda, a corrupção e o despesismo continuam. Leis anti-corrupção não se vêem e os gastos públicos mantém-se. Não justifiquem tudo pela dignidade do Estado ou pelo pouco significado nas depesas públicas. Registo ao acaso, as despesas em cerimónias e viagens. Veja-se o Ministro dos Negócios Estrangeiros que, desde a tomada de posse, anda numa roda viva por esse mundo além. E o de um outro Ministro que trocou a Vespa por um um carro de 86.000 euros...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Eunice Munoz...setenta anos de artista

Setenta anos de vida artística de Eunice Munoz. Tempo de uma vida e ei-la, de boa saúde, hoje como ontem, pronta a entrar em cena. E assim será em muitas outras noites, se Deus quiser. A televisão facilitou o reconhecimento público de Eunice. A telenovela criou e alimenta a popularidade da Artista, transformando-a numa amiga que, sem nunca precisar de convite, nos visita quase todas as noites.

As primeiras imagens que dela guardo datam do tempo em que o cinema era uma raridade para mim. Os filmes Ribatejo e Homem do Ribatejo representavam a região onde nasci e, por tal motivo, muito apreciados. Aí surgia Eunice, a heroína, linda e elegante. Vestia calças e movia-se nesse cenário campestre, onde não raras vezes a Natureza irrompe com violência. Razões suficientes para que as memórias dessas histórias de final feliz me apareçam associadas a sentimentos de pânico causados pelas imagens das cheias na lezíria.

Passadas as sessões do meu "Cinema Paraíso", que funcionava numa velha cerâmica, cheguei depois aos anos sessenta quando "conheci" pessoalmente Eunice. Encontros no autocarro para Belém, sempre à segunda-feira, a caminho do Museu de Arqueologia. Demorava-me numa observação discreta, imaginando que ela estaria de regresso a casa depois do ensaio no D. Maria. Vestia-se de forma muito simples e continuava muito bonita. De uma beleza que ainda se vislumbra no rosto de uma senhora de oitenta e três anos....

domingo, 27 de novembro de 2011

Fado é Património Mundial







Alegremo-nos no dia em que o Fado passa a património imaterial da humanidade. Não é preciso saber cantar, basta ouvir e sentir o fado. Ao acaso, deixo três interpretações.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"A minha palavra favorita"



"A minha palavra favorita", título de um livrinho que encontrei um destes dias num alfarrabista. Ideia curiosa a que se submeteram personalidades diversas que, posteriormente, viram publicado o resultado. Vale a pena apreciar estas palavras que, sendo escolhidas em plena liberdade, divergem no modo como se expressaram. De entre todas, retirei uma: amor. Pela simples razão de respeitar a todos, porque de amor nascemos e vivemos...desse sentimento imenso como o espaço.




" Amor começa com a letra a, a primeira letra do alfabeto. Por isso, o amor está no princípio de tudo, no caos original, quando Deus ainda não tinha inventado o primeiro dia nem Eva descobrira a maçã do desejo.
A segunda letra é um m, de madrigal, de mãe, de morte, porque o amor é sempre uma maneira de afastar a mãe, de adiar a morte.
O o não falará de ódio, nem de olvido - é um o de orgulho, de odisseia, é uma praia quando a maré está cheia e a areia diminui envergonhada e frágil.
O r é o que resta quando o amor acaba - quantas vezes remorso, raiva, rebeldia e a memória longínqua do primeiro dia da primeira palavra, do primeiro beijo.

Escrevo esta palavra e acorrem outras que dizem quase o mesmo. A palavra irmão. A palavra Abril. E o teu nome flutuando ao vento, inteiro e limpo, encostado à brancura da cal, dormindo entre lençóis de puro linho."


Manuel Alberto Valente, Amor in A minha palavra favorita, Centro Atlântico.pt

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Silva Porto



O mar e o campo encontram-se bem representados em Silva Porto, o mestre do Naturalismo em Portugal.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A fidelidade de um Cão



Uma mensagem especialmente dirigida aos que abandonam os animais. A fidelidade do cão é proverbial e a presente história confirma-o. Depois de esperar tanto tempo, ainda não esqueceu a perda da dona. Retomar a normalidade é agora a tarefa dos adptantes que, pouco a pouco, ganham a confiança do animal. Ignorando-se o seu nome, pede-se a colaboração dos telespectadores na escolha da nova identidade...

Hoje, Dia de Santa Cecília








Em Dia de Santa Cecília os músicos lembram a sua padroeira.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Economia e crise, uma explicação...




Para que conste, registo o mail que a Guida me enviou. Muito pertinente a explicação, porque estes são, de certo, os "males" (todos os males?) desta crise global. Mensagem que remete para a reflexão de todos nós, cidadãos comuns e políticos. A estes exige-se a resposta adequada, espera-se que seja com a maior brevidade...

Do marron glacé e da poesia


Nada como um marron glacé para adoçar os dias frios. Dar uma dentada e outra, sempre devagarinho para não perder nada dessa feliz combinação doce. Eis um desejo adiado para outra vez, numa qualquer tarde invernosa quando a ideia de dieta for esquecida.

Andando nestas cogitações do "não pode ser hoje", decidi investigar se os poetas também podem ser gulosos por marron glacé e descobri um, Chico Buarque de Holanda. Dessa agradável surpresa poética que mistura paixão com outros prazeres de coisas e lugares fica o registo. A isto costuma dizer o povo que "quem feio ama, bonito lhe parece". Um ditado bem aplicado, veja-se como.

"Canção de Pedroca

Quando nos apaixonamos
Poça d'água é chafariz
Ao olhar o céu de Ramos
Vê-se as luzes de Paris

No verão é uma delícia
A brisa fresca de Bangu
Mesmo um cabo de polícia
Só nos diz merci beaucoup

Eu ouço um samba de breque
Com Maurice Chevalier
Bebo com Toulouse Lautrec
No bar do Caxinguelê

Daí ninguém mais estranha
O Louvre na Praça Mauá
E o borbulhar de champanha
Num gole de guaraná

Cascadura é Rive Gauche
O Mangue é Champs Elisées
Até mesmo um bate-coxa
Faz lembrar um pas-de-deux
Purê de batata roxa
Parece marron glacé

Chico Buarque "

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Futebol, a alegria que nos faltava







Ontem à noite realizou-se o Portugal - Bósnia com um resultado histórico de 6-2. Eram muitos os receios, mas a vitória começou a adivinhar-se com o primeiro golo de Ronaldo aos 8 minutos. Seguiu-se um outro de Nani e, então, houve ainda tempo para sofrer. Só que o dia era mesmo nosso e os golos sucederam-se.

Confesso que gostei muito do jogo. Da luta esforçada e da entre-ajuda destes rapazes que trabalharam todos para o mesmo lado. Cristiano, que muitas vezes tem sido acusado de vedeta, jogou para a equipa. E a sorte compensou-o com dois golos...
Gostei também muito da alegria no Estádio. À saída havia sorrisos, e gritos de jovens e de outros menos jovens. Em todos o mesmo estado de alma, uma alegria que dura até hoje e que, espero, há-de prolongar-se. Tudo isso, porque ganhámos. Um sentimento de euforia associado à manhã de Sol que, segundo um ouvinte de TSF, se reflectia no número de vendas acabadas de fazer. Optimismo precisa-se! Que venham mais momentos destes!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cidades perdidas no Saara


"Imagem de satélite do deserto com interpretação arqueológica: fortificações emolduradas a negro, áreas de desenvolviemnto a vermelho e jardins de oásis a verde"


Notícia recente: as cidades "perdidas" no Saara. Derrubado o regime de Kadaphi, abre-se uma porta à investigação arqueológica. Depois da Líbia, muito haverá também por explorar no Sudão. Isso ficará para mais tarde, quando o regime cair...Por ora, fixemo-nos na informação dada pelo Jornal de Notícias on line.



"Satélites revelam que existem mais de 100 cidades com fortes e castelos, escondidas no deserto do Saara, na Líbia.
As cidades pertenciam a uma civilização muito antiga, conhecida como os Garamantes, e esta descoberta mostra que, embora fossem bárbaros nómadas, eram muito mais complexos do que aquilo que se acreditava.
David Mattingly, o chefe da exploração, disse que "os Garamantes eram muito civilizados, viviam em grandes aldeias fortificadas como agricultores nos oásis". Eram um Estado com uma linguagem escrita e tecnologias avançadas. Foram pioneiros no estabelecimento de rotas de comércio pelo Saara.
A descoberta desta civilização vai permitir que "crianças líbias conheçam a sua história", disse Mattingly.
O fim do conflito armado na Líbia vai permitir que arqueólogos britânicos retomem as investigações no sudoeste do país, de onde tiveram de sair em Fevereiro, quando começou a revolta contra Kadafi, morto a 20 de Outubro.
A equipa de exploração já conseguiu identificar restos de tijolos de complexos semelhantes aos castelos, com paredes ainda existentes, além de traços de habitações, cemitérios, poços e sistemas de irrigação."




Exílios dourados em Portugal

Durante a II Guerra Mundial e nos anos imediatos, Portugal assumiu um protagonismo nunca visto. À conta da neutralidade, o país transformou-se num palco privilegiado de encontros políticos, de passagem de espiões e de residência de exilados famosos. Reis e aristocratas, magnatas da indústria e banqueiros conviviam num quotidiano discreto e pacífico em Lisboa e no eixo Estoril-Cascais. É deveras curioso apreciar o registo da presença dessas figuras reais. Num artigo intitulado Vida Boa a do Exílio Real no Portugal de Salazar, o Diário de Notícias do último sábado referenciava alguns episódios. Fica a transcrição de um excerto.


" Orson Welles, em 1946, passou umas semanas no Hotel Palácio, no Estoril, e certa tarde, quando tomava chá, fica deveras espantado com o ambiente: um homem alto, "de porte distinto", de súbito, cativa toda a atenção do pessoal do bar. "Quem é este homem?", quis saber o actor o actor norte-americano. "É o rei de Espanha, senhor". Ao sair do bar, cruza-se com outro homem, os empregados dizem "Majestade", enquanto se respeitosamente se curvam. "É o rei de Itália, senhor". Já na recepção do hotel, ao pedir a chave do quarto, Orson Welles vê um elegante casal e "todo o pessoal interrompe o que está a fazer e inclina-se: "São o rei e a rainha de França, senhor".

Seis anos antes, em fuga para os Estado Unidos, o escritor e aviador Antoine de Saint-Exipéry "ficava no mesmo hotel de Orson Welles. "Lisboa surgiu-me como uma espécie de paraíso luminoso e triste", escreve. O autor de O Principezinho ia, por vezes, ao Casino, perto do Hotel , ver os que jogavam à roleta ou ao bacará conforme as fortunas. Não sentia indignação nem ironia, mas uma vaga angústia. Aquilo que nos perturba no jardim zoológico diante dos sobreviventes de uma raça extinta. (...) Esforçavam-se por acreditar, ligando-se ao passado, como se nada tivesse começado a estalar há uns meses sobre a terra, na cobertura dos seus cheques, eternidade das suas convicções. Era irreal. Lembrava bailado de bonecas.Mas era triste. "

domingo, 13 de novembro de 2011

Origens de Winston Churchill

" Um "tipo estouvado". Com 24 anos de idade, Randolph vagabundeava por França depois de ter passado com distinção o exame de Oxford não tinha nada para fazer e esperava pela dissolução da Câmara dos Comuns, à qual se devia candidatar. Foi aí que conheceu certo dia uma das grandes beldades do século : Jennie Jerome, uma americana de ascendência franco-escocesa com um pouco de sangue índio. Não tinham ainda decorrido 48 horas e já estavam noivos. O pai era um perspicaz homem de negócios de Nova Iorque milionário mas também novo-rico e excêntrico. A família Churchill ficou horrorizada com a perspectiva do enlace. E foi por esse mesmo motivo que o pai de Jennie também ficaria horrorizado ( "estes americanos são orgulhosos como o diabo"). Apesar de tudo isto, os jovens casaram meio ano ano mais tarde no registo civil da embaixada britânica em Paris. Sete meses mais tarde nasceu o primeiro filho no vestiário das senhoras do Palácio de Blenheim, a residência digna de um rei que o grande Marlborough tinha erigido como monumento. Apesar da gravidez em estado avançado, Jennie tinha insistido em ser convidada para o baile que aí se realizava. As contracções começaram enquanto dançava. Ela saíu do salão de baile dirigindo-se para o seu quarto "através do corredor mais comprido da Europa", mas apenas chegaria até ao vestiário das senhoras. O precipitado parto deu-se ali mesmo, entre abafos de de veludo, casacos de pele e chapéus de plumas. Era 30 de Novembro de 1874 e o filho que nasceria nestas circunstâncias era William Churchill."






Sebastian Haffner, Winston Churchill,

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Agente Meirelles, precisa-se!




"Gentilieza gera gentileza", o espírito de cidadania de um polícia brasileiro.
Quem dera ter muitos agentes policiais como este!

Surfar em Portugal!...



Para aliviar da onda negativa das últimas mensagens, remeto-vos literalmente para uma outra onda. Uma onda gigante na Nazaré que teve honras de acontecimento no mundo surfista quando um dos "seus melhores" a desfrutou...

A Nazaré garante outros motivos de atracção. Não há em Portugal quem desconheça esta vila piscatória que nasceu à sombra do Sítio, onde se localiza o Santuário a Nossa Senhora que assinala o milagre mais antigo da terra. Demorar os olhos no mar fronteiro é obrigatório até ganhar apetite para uma boa refeição. E, se possível, assistir à exibição do rancho folclórico. Diz quem aí esteve que essas são imagens que nunca mais esquecem!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Goya e Manet

Goya, 3 de Maio 1808 (pintado em 1814)

Execução de Maximiliano ( 1867)



Goya e Manet numa "associação" que, desde manhã, exigia ser publicada...

Europa, Europas...que futuro?



Liberdade, democracia, solidariedade. Capitalismo, mercados, globalização. Sociedade em crise de valores. Palavras alinhadas para exprimir a desilusão de um projecto de União Europeia que falhou. Os ""grandes Estados" e os gabinetes políticos traçaram ( e continuam ) a traçar a vida das "comunidades nacionais". Os governos assinaram tratados que o povo, salvo raras excepções, não referendou. E hoje, que é evidente o contágio da crise, sente-se a secessão da Europa.

Acabou-se o sonho, a incerteza paira. Novos "capítulos" deste processo esperam-se nos próximos dias...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O prazer de ouvir Liszt



"A música gera um tipo de prazer que a natureza humana não pode prescindir. " Confúcio


Liszt compôs Prelúdios. porque esse é o "estado" do homem desde o berço ao túmulo. Um percurso mais fácil de percorrer se tiver a música por companhia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A solidão de um político




Sendo humanos, os políticos comportam-se como todos nós. Hoje penso naqueles que, agindo de boa fé, sentem a incompreensão do povo e até dos seus mais próximos colaboradores.Pressionados por todos os lados, tomam decisões em nome do colectivo que os acusa e recrimina.


Não distingo entre esquerda e direita, porque os sentimentos de injustiça a todos afecta. Olho para a velha Europa que, segundo se diz, virou "à direita". E dizem os seus apoiantes que isso fica a dever-se aos erros cometidos pelos governos de "esquerda". Perigosa generalização. Se não, veja-se o caso de dois países hoje em foco: Grécia e a Itália. O primeiro, socialista, procura sobreviver depois de um governo conservador e o segundo que, estando sob a batuta de Berlusconi, ameaça naufragar. Ambos sob a prescrição de um remédio doloroso que produz graves efeitos na vida do povo... que reage.


Por esta hora, o Parlamento de Atenas debate a crise. A proposta de referendo caiu e Papandreu, atacado interna e externamente, procura justificar-se. Não sei qual o desfecho, mas confesso que compreendi a atitude do Primeiro-Ministro. Devolvendo a palavra ao povo, quis "responsabilizar" todos os gregos. Então, a "Europa estremeceu", dando sinais de reconhecer que as culpas não abrangem só os devedores. Isso mesmo compreenderam os gregos. Ou, pelo menos, alguns. Ouvindo tais depoimentos não pude deixar de pensar que a democracia nasceu em Atenas. E de como em nome de uma ideia se pode viver em solidão...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Noite, curiosidades de uma palavra



É muito curiosa a origem das palavras. Uma delas configura uma identidade presente em todas as línguas: NOITE. Isto foi o que aprendi num mail que a L. me enviou. E fiquei a pensar se não estará nesse infinito o mistério da noite. De estados de alma que desperta em consonância com a natureza. Da noite escura, estrelada ou tempestuosa, ou seja, de sentimentos de solidão, paz, medo e ternura. Reacções do homem que os poetas, romancistas, pintores, músicos e cineastas traduzem nas suas obras. Beethoven produziu uma dessas noites...


"Noite é formada pela letra N + a palavra que designa o número 8 na respectiva língua.

A letra N é o símbolo matemático de um conjunto infinito (o dos números naturais ) o 8 deitado simboliza infinito, ou seja, noite significa, em todas as línguas, a união do infinito!!!
Português - noite = n+ oito.
Inglês - night = n + eight.
Alemão - nacht = n + acht.
Espanhol -noche = n + ocho.
Italiano -notte = n + otto."

Pela música eleva-se a alma




"A música é celeste, de natrureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição."
Aristóteles

"Um músico é um médico da alma - presta um serviço a quem o ouve."
Sara Tavares

sábado, 29 de outubro de 2011

"Manter intocável a fé na democracia"

Recrudesce a onda de crítica aos políticos. Um mal estar perigoso que requer uma justiça que actue com rapidez e eficácia. É o que sugere o editorial do Expresso de hoje. Leia-se a transcrição de "No pior momento".


"A dura acusação que o Ministério Público do Rio de Janeiro fez a Duarte Lima dificílmente poderia ter sido proferida em altura mais desfavorável. Quando o país atravessa uma profunda crise, quando é necessário que haja uma maior confiança na classe política e nos dirigentes , um advogado que chegou a líder de uma bancada parlamentar é indiciado como autor de um homicídio cometido com o objectivo de se apropriar de bens alheios. Uma acusação humilhante.

Antes deste caso, já o Processo Casa Pia tinha contribuído fortemente para o desprestígio da classe política, alimentando, para mais, todas as especulações sobre a impunidade que protege sempre os "grandes". Além dos políticos que respondem por crimes de colarinho branco, também as mais recentes revelações sobre acumulações de pensões e benesses várias - que, sem terem nada de ilegal, são desprestigiantes e ajudam a alimentar campanhas populistas - contribuem para corroer o que é essencial manter intocável, principalmente em épocas difíceis : a fé na democracia, apesar dos defeitos que tem por ser conduzida por homens."




sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Palram pega e papagaio...

Palram pega e papagaio,
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.

Muge a vaca, berra o touro,
Grasna a rã, ruge o leão
O gato mia, uiva o lobo,
Também uiva e ladra o cão.

Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.

Regouga a sagaz raposa
Bichinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
Mas pia o mocho agoureiro.

Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar;
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.

O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar:
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabe chiar.

O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.

Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir;
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.

Bramem os tigres, as onças,
Pia, pia, o pintainho;
Cucurita e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.

A vitelinha dá berros;
O cordeirinho, balidos;
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.

A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontram, em pobre rima,
As vozes dos principais.

Pedro Dinis

Poesia de infância que aprendíamos, cantando. Tantas são as vozes que apetece recordar os animais...






Bolshoi reabre hoje


"O Teatro Bolshoi de Moscovo reabre as suas portas esta sexta-feira, depois de obras de restauro que duraram seis anos e custaram cerca de 500 milhões de euros.
"O principal teatro do país deve ser assim: belo, pomposo e com equipamentos modernos. A área do teatro duplicou e temos vários palcos de ensaios, por isso podemos preparar, ao mesmo tempo, espectáculos de ópera e de bailado", justificou Anatoli Iksanov, diretor-geral do mais conhecido teatro russo.

A sessão de reabertura do Teatro Bolshoi, marcada para as 18h de Moscovo (21h em Lisboa), será seguida de um concerto de gala, preparado pelo encenador russo Dmitri Tcherniakov e conduzido pelo maestro Vassili Sinaiski.
"O concerto de gala será um espectáculo pouco comum, dedicado à história do Teatro Bolshoi e às pessoas que antes trabalharam nele. Irá durar hora e meia e conta com a participação de todos os artistas do teatro, bem como de cinco cantores de ópera de renome mundial", anunciou Tcherniakov, sem avançar mais pormenores.
Medvedev e Putin devem estar presentes
O bailado "A Bela Adormecida", de Piotr Tchaikovski, e a ópera "Ruslan Liudmila", de Mikhail Glinka, foram os espectáculos escolhidos para estrearem o palco principal do teatro.
A cerimónia de abertura será transmitida por todos os canais federais de televisão russos, bem como em 600 cineteatros em numerosos países do mundo.

Espera-se que na cerimónia de reabertura do teatro estejam presentes o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin. (...)

A direcção do teatro decidiu não vender bilhetes para a cerimónia, tendo optado por enviar convites a ilustres personalidades.
Porém, na Internet, foram postos à venda por desconhecidos bilhetes falsos de ingresso, cujo preço varia entre 2300 euros e os 40 mil euros. O Ministério da Cultura da Rússia viu-se obrigado a abrir um inquérito para averiguar a origem desse negócio.


Aspecto anterior a 1917
As obras de restauração permitiram dar ao exterior e interior do edifício o aspecto original, que tinha antes da revolução comunista de Outubro de 1917.
Foram retirados da fachada do teatro e do palco principal símbolos soviéticos como a foice e o martelo, tendo sido substituídos pela águia bicéfala, símbolo da Rússia czarista reabilitado depois da queda do comunismo no país.
Além disso, os construtores aproveitaram para reforçar os alicerces do edifício e construir uma garagem subterrânea de vários andares.
O primeiro edifício do Teatro Bolshoi (que significa "Grande", em russo) foi construído em 1780 e deve o seu nome ao facto de se encontrar na mesma praça do Teatro Malii ("Pequeno", em russo).
Depois de dois fortes incêndios que o destruíram quase completamente, um deles quando das invasões napoleónicas de 1821, adquiriu o aspecto que possui actualmente.
Durante a II Guerra Mundial (1939-1941), o edifício foi atingido por uma bomba da aviação nazi, mas os danos foram rapidamente reparados.
O Teatro Bolshoi constituiu, durante toda a sua história, uma autêntica "fábrica" de estrelas de ópera e bailado.
Cantores de ópera como Fiodor Chalapin e Galina Vichnevskaia, bailarinas como Galina Ulanova e Maia Plissetskaia muito contribuíram para a glória desse teatro. "
Internet, http://aeiou.expresso.pt/esplendor-do-teatro-bolshoi-esta-de-volta-fotogaleria=f683950#ixzz1c65lbAGe




Nota - A reabertura do Bolshoi, sendo um acontecimento cultural e político, merece registo. Gostaria de aí voltar um dia. Entrei no teatro em Setembro de 1984, por gentileza do porteiro. Inesperadamente subi ao camarote real e assisti ao final do espectáculo. A companhia romena não parecia de qualidade, mas o teatro encantou-me. Quando correu o pano fiquei deslumbrada com a seda vermelha e dourada... só que logo depois comecei a rir sem parar. Porque também aí dominava a foice e o martelo. Hoje não, tudo será diferente com o regresso do símbolo imperial da Rússia!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Burgos e El Cid



El Cid, Burgos

A chuva e o vento vêm lembrar que o Outono tardou, mas não falta. Tempo para "actividades de recolhimento" que a imaginação pode transformar em verdadeiras viagens. Viagens de longos percursos ou escapadinhas, em todo o caso, momentos de evasão no tempo e no espaço. E deste modo fui hoje levada até Burgos...pela internet. Uma viagem sugerida por um mail de uma amiga.

Vale a pena ir e ficar muitos dias em Burgos. Respira-se História por ali, da Reconquista à Guerra Civil. Uma visita à Cartuxa e depois mergulhar na cidade. O Mosteiro das Huelgas e a Catedral: a originalidade arquitectónica e decorativa desses espaços e as estórias de personalidades e de gente comum. Solta-se a imaginação, recua-se ao tempo dos trajes medievais expostos nas Huelgas. Desfile de reis e rainhas de Espanha e de Portugal que, por esse tempo, se cruzaram...

Curioso como o pormenor e o pitoresco permanecem na memória. Crianças e adultos sentem-se atraídos pelos relógios das grandes catedrais, especialmente ao meio-dia. É assim em Munique, em Praga e também em Burgos, onde todos os olhares se fixam no papa-moscas. Espanta-se também o visitante com o "achado" de um túmulo muito simples, onde jaz um célebre cavaleiro: Rodrigo Diaz de Vivar ( Vivar é a aldeia nos arredores de Burgos), cavaleiro da Reconquista cristã que morreu em 1043. Na campa rasa de El Cid (o Senhor) pode ler-se: "A todos alcanza honra por el que en buena hora nació". Epitáfio da grandeza do Senhor de Valência que deixou fama de forte, valente, leal, justo e piedoso. Embora não seja consensual o juízo que dele faz a História, a lenda prevalece, concedendo-lhe a glória dos imortais de Espanha.

domingo, 23 de outubro de 2011

Coragem moral

Devo uma palavra de esperança. A outra face da mensagem anterior ou uma espécie de contraponto que intitulei Coragem Moral. Para isso servi-me do artigo de Henrique Monteiro, no último Expresso, "O Lado da Amurada". Passo a transcrever



"Há uma velha frase , de autor incerto, que reza assim: quando vejo toda a gente do mesmo lado do barco, escolho o outro lado.

É o que se passa neste momento com o Orçamento de Estado. Com alegria, vejo que José da Silva Lopes escreveu na "Visão" algo que vai muito contra-corrente :" Não há alternativa a uma redução tão brutal do défice. (...) Não cumprir as exigências da troika não é, nas actuais condições, uma alternativa."

Silva Lopes discorda, no entanto, de algumas medidas concretas - mas não daquelas de que tanta gente se queixa . Não se trata do facto de a maioria dos cortes se destinar apenas aos funcionários públicos. O que Silva Lopes critica é a iniquidade de pouco se ter agravado as taxas aos rendimentos de capital, de se cortar no subsídio de desemprego u de pouco se ter cortado nas maiores pensões ( de que ele, tal como Cavaco é beneficiário) . Eis a grandeza moral que tanto falta.

Quem nos quer confundir mistura duas coisas que Silva Lopes separa: uma é saber se estes cortes são necessários; outra, diferente, é saber se os cortes devem ser deste modo.

Cavaco referiu um limite para os sacrifícios, como se os cortes pudessem ser menores. Fê-lo com um timing deplorável, permitindo ao PS pôr-se de fora do OE e dando aos nossos credores mais motivos de dúvida. Para quem se queixou de forças de bloqueio..."

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Reformas, subvenções e mordomias dos políticos

Muito desacreditada parece andar a imagem dos políticos. Será mais um dos efeitos da globalização. Os media e o correio electrónico não se cansam de denunciar casos de políticos e gestores públicos. Compadrio e corrupção em tantas e variadas formas. Nem falo já das promessas eleitorais que, passado tempo, caem por terra. Estamos habituados a isto que até daria para rir se não nos tocasse de perto...

Alguns apregoam uma honestidade a toda a prova, mas falta-lhes lucidez para ver as injustiças. Insensibilidade social e inexistência de valores para reconhecer os seus privilégios expressos em vencimentos, avenças e subsídios, viagens, cartões de crédito e outras mordomias.Deputados que, morando em Lisboa, continuam a exigir um subsídio para habitação. E há os que "levam" para casa subsídios chorudos de reintegração na vida activa ( como se eles não fossem logo ocupar altos cargos públicos ou privados). Escandaloso ainda é o direito à subvenção vitalícia de políticos ( alguns aos aos 50 anos ) que continuam na política activa. E mais ainda o grande número dos que usufruem "várias reformas", enquanto o cidadão comum vai aumentando o número de anos de trabalho.

As consequências deste estado de coisas aflige-me, particularmente neste momento de crise. Propositadamente não cito nomes, mas devo dizer que alguns privilegiados começam a assumir publicamente a injustiça deste tratamento. Valha-nos isso! E que o bom senso prevaleça!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Este nosso mundo de violência

Violência e mais violência: este é o sentimento que domina o dia. Da Líbia chegaram as imagens de um ditador que, depois de "caçado", acabou de forma miserável. Kadhafi merecia um castigo exemplar, mesmo a morte. Mas não assim. A justiça não se coaduna com vingança. Que me perdoe o povo que diz "quem com ferros mata, com ferros morre." É que a vitória sem respeito pela dignidade humana não augura nada de bom. Oxalá me engane para bem dos libaneses!

O segundo caso de violência aconteceu na China. Uma criança atropelada na via pública. O condutor pára, observa e continua. Ninguém em redor mexe uma palha e, pela segunda vez, a criança é atropelada. Finalmente, o socorro vindo de alguém encarregado da limpeza. Lembrei-me da parábola do "bom samaritano", porque também aqui a compaixão proveio do mais humilde...

Entre os jovens repetem-se os actos de violência. Gratuita ou por motivos fúteis. Ontem um jovem morreu esfaqueado na zona de Sintra. Causa da agressão: um boné que o agressor tentava roubar. Hoje, mais uma ocorrência. Em Setúbal na Escola Sebastião da Gama foram razões sentimentais que levaram à hospitalização de um jovem. Caiu inanimado depois de ter sido barbaramente espancado por um colega e o seu bando. Valeu-lhe um professor que chamou o INEM. Só Deus sabe se irá sobreviver e como.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Telemóveis, um instrumento para sair da crise



Limitar a imaginação é proibido por estes dias. Para uma crise profunda, pedem-se medidas rápidas e eficazes. E os telemoveis podem vir a dar o seu contributo. Muito simples: taxar em 1 cêntimo cada chamada e sms. A notícia, que não é oficial, merece o meu aplauso. Conhecendo a apetência dos portugueses por este meio de comunicação deverá ser certa e garantida a receita. De muitos milhões, suponho. Para tapar os "buracos" da saúde e outros...

É uma atitude positiva, semelhante à campanha das "tampinhas". Por mim, confesso que continuo a guardar religiosamente essas tampas. Então, por que não "oferecer" 1 cêntimo para uma causa igualmente meritória?






quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Austeridade social

"O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho anunciou esta noite que os subsídios de férias e de Natal superiores a mil euros na função pública serão suspensos enquanto vigorar o plano de ajuda externa. O mesmo acontece para os pensionistas."



Assim começa a notícia que retirei da Internet. Fato escuro, gravata cinzenta e tom pesaroso: esta a imagem de Passos Coelho que, esta noite, anunciou as medidas de austeridade para os próximos dois anos. Contraste flagrante com o rosto sorridente do mesmo Primeiro-Ministro, relatando a discussão no Conselho de Ministros. Coisas de inexperiência politica...

Se estes sacrifícios servissem para salvar a Pátria... mas não se enxerga uma luzinha ao fundo do túnel. Só pedimos uma explicação cabal para todos estes buracos, tudo clarinho. Todos sabemos somar...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Do tempo das borboletas





















A borboleta conta por momentos e não meses, e tem tempo de sobra.
R. Tagore


O tempo da borboleta, uma "verdade" da Biologia para reflexão. De duas semanas a três meses é o tempo da borboleta. Quanto muito seis meses, contando o ciclo completo de vida: ovo, larva, lagarta, crisálida e borboleta propriamente. E nós, em crescente aumento de esperança de vida, queremos mais. Sempre a correr, pedimos muito dos dias. Se possível com 48 horas...tal é a febre de viver!

"Tenho fases como a Lua..."


LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


Cecília Meireles

Na Sombra do Poder

"A Sombra do Poder", de Pedro Feytor Pinto. Viveu "por dentro" os últimos anos do Estado Novo, adquiriu experiência e acedeu a informações privilegiadas. Relata acontecimentos, descreve personalidades, analisa situações e explica factos. A subjectividade da narrativa, que o Autor assume, revela uma outra face dos tempos que precederam o 25 de Abril. Segue-se depois a queda do Regime e as consequências imediatas. Por fim, a terceira parte refere-se ao exílio e ao regresso à vida pública.

Para os que têm memória curta ou para os mais novos, relembra-se que Pedro Feytor Pinto foi o interlocutor entre o Movimento das Forças Armadas e Marcelo Caetano. A RTP transmitiu as imagens passadas entre o Palácio Foz e o Carmo. Testemunhando um facto histórico e nele participando, Pedro Feytor Pinto agia e registava. A dignidade de Marcelo Caetano no Quartel do Carmo e a compostura respeitosa dos militares. E também a sua participação na aventura de "correr" Lisboa ao encontro do general Spínola...

De leitura fácil, o livro lança alguns traços do enquadramento social que "acompanha o poder" politico. Retrato de vidas dos últimos cinquenta anos. Personalidades destacadas, sendo algumas bem próximas. Colegas da nossa geração, porque o "nosso mundo é uma aldeia".

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Descartes...faz-nos falta!

Da crise todos falamos. Uns sentem-na mais do que outros, mas ela não desarma. Uma iminência sistémica que veio para ficar se não houver leaderes políticos capazes de impor regras aos mercados. Entretanto, os gregos sofrem, estendendo a mão. A seguir, estaremos nós...


Empréstimos externos e austeridade. Com taxas de juro deste nível, poderá haver recuperação? Impostos crescentes, descida de salários e inflação: medidas contraditórias com o crescimento económico. E ainda não haverá ninguém que entenda isso lá nas altas esferas da troika? Até quando irá manter-se esta política restritiva?


Não bastou a lição da crise de 1929? Ironicamente Descartes falava na boa distribuição do bom senso que a todos contentava. Pena é ele não poder descer à Terra e gritar bem alto as boas regras do racionalismo. Só isso...




"O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."

René Descartes, O Discurso do Método

domingo, 9 de outubro de 2011

A ficção virou realidade...




Duas gravuras do começo do século XX: imagens de um visionário, diriam muitos. Pois, antes de 2000, ultrapassou-se a ficção. Os robots já não espantam ninguém e as notícias entram-nos em casa com o peso máximo do real. Lemos, ouvimos e visualizamos...tudo ao toque de um clic. É assim este "admirável mundo novo"!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Apagou-se uma estrela, Steve Jobs morreu

"O homem sonha, a obra nasce", assim podia resumir-se a vida do Homem que revolucionou a tecnologia da informação: Steve Jobs. Faleceu hoje. Ainda que esperada, a notícia desencadeou um sentimento de pesar por todo o mundo. Caso excepcional, porque não é fácil a convergência. Prova indiscutível do reconhecimento da mente genial de Steve que recebeu merecidos elogios e foram muitos. Novo Einstein e houve até alguém que o comparou a Leonardo De Vinci. Inteligência brilhante e cidadão exemplar que viveu os últimos anos, pensando na morte. Não se coibiu de falar publicamente da vida, da doença e da inevitabilidade da morte. Afinal, a "morte é uma invenção da vida", disse um dia.

A história de vida de Steve, que não teve um começo feliz, merece a reflexão de todos. Quem sabe mesmo se não deveria ser evocada na escola. Exemplo de trabalho, de tenacidade e de triunfo. Do reconhecimento público e riqueza em coexistência com a fragilidade da vida. Afinal, as estrelas também esmorecem e morrem. Hoje apagou-se uma, chamava-se Steve Jobs...

Brahms



Hoje elegi Brahms, porque a música combina com o nosso estado de alma.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Presidência da República e os gastos régios

Feriado nacional. Passa hoje o 101º aniversário da implantação da República. Alterou-se o regime, mas o sistema pouco mudou. Dantes apontavam-se os gastos com a casa real, hoje temos os da Presidência da República. Pagamos uma exorbitância com a manutenção do palácio de Belém, uma fortuna diária a que havemos de somar uns "trocos" com as viagens presidenciais. A este propósito, indignava-se uma leitora de Santa Maria da Feira, Céu Mota, em carta publicada pelo Expresso no passado dia 1 de Outubro. Para apreciar, passo à transcrição.

"A notícia era discreta, sem foto, no canto inferior esquerdo de uma página "secundária" de Jornal: Cavaco Silva foi aos Açores por cinco dias com sua mulher e mais 30 pessoas. Pelo menos é este o número oficial dado a conhecer aos jornalistas, ou seja, o número que se quer passar aos portugueses. Gostava que o sr. Presidente explicasse a gente ignorante como eu porque precisa de levar consigo 12 agentes de segurança (que risco corre nas ilhas portuguesas e pacatíssimas como são as dos Açores?), o chefe da Casa Civil (mais mulherzinha), quatro assessores, dois consultores, o médico pessoal, uma enfermeira e - cúmulo do ridículo, do supérfluo, do exagero e do fútil - dois bagageiros, dois fotógrafos oficiais e um mordomo, como se nos Açores não houvesse ninguém para os receber. (Se leva 30 ali ao lado, o que fará noutras andanças? Ou viaja também em classe económica "para dar o exemplo", como Passos Coelho?) Reiterou Cavaco à chegada ao arquipélago: "Ninguém está imune aos sacrifícios". E esta hein? Podemos concluir então que, em tempo de vacas gordas, a comitiva seria de dimensões mais provocadoras...(....)"

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Para quê? Até quando?"


Rir faz bem. E, uma vez mais, os portugueses não perderam o sentido de humor. Exemplo disso está num mail que, por estes dias, invadiu as nossa caixas de correio. Assunto, o déficit. Tema inesgotável pela diversidade e dimensão de buracos financeiros. O mail, oriundo de uma hipotética agência de viagens, convida a uma visita à Madeira para apreciar a recém-descoberta cratera. Sem comentários...

Entretanto, a dimensão "daquele" buraco cresce todos os dias. Não se sabe onde irá parar, acrescentando os mais pessimistas que existem outros buracos por destapar. Para os já conhecidos e futuros existe uma certeza: a factura ao povo pertence. Só não sabemos bem como e quando. A prometida austeridade ainda só agora começou. Resultado do despesismo que grassou por este país e do sistema financeiro internacional.

Induzida pela leitura de um livro referente aos últimos tempos do Estado Novo, concluí que já passámos por dificuldades maiores. Então, havia guerra, austeridade e também não se vislumbrava um fim à vista. Desânimo era o estado de espírito dos soldados que combatiam em África, onde os mais esclarecidos se interrogavam. "Para quê? Até quando": estas as palavras de um coronel que, em 1971, manifestava em Moçambique um claro cepticismo em relação à guerra. Hoje, salvaguardadas as devidas proporções de um país outrora em guerra, apetece-me também perguntar qual o sentido da austeridade a que estamos sujeitos. "Até quando?"...

Vodafone, publicidade vergonhosa




Indigna-me este anúncio da Vodafone, exemplo flagrante do vale tudo na publicidade. Socialmente ofensivo, atentando contra a dignidade da mulher, da professora em particular. Recorrer à sexualidade configura uma imaginação pobre e que, no presente caso, convida ao desrespeito e indisciplina.


Felizmente existem outros operadores de comunicações. Por que não aderir à TMN, à Optimus ou outro ?

sábado, 24 de setembro de 2011

A última Tourada em Barcelona

O fim de qualquer coisa é sempre de assinalar. Nostalgia por antecipação...por uma data que marca o encerramento da Monumental de Barcelona. Uma construção centenária que há muitos dias esgotou para o último espectáculo. Amanhã, por esta hora, apresenta-se um cartel de luxo. Uma tourada para recordar...

Espera-se uma gloriosa faena de José Tomas. Muita sorte lhe desejamos. A felicidade que faltou a um outro José. Chamava-se José Falcão, o matador de Vila Franca, colhido mortalmente em Barcelona no dia 11 de Agosto de 1974. Mais um motivo para registar.







quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Júlio Resende deixou-nos...
































Um dos "grandes" artistas do século XX, Júlio Resende, que nasceu em 1917, terminou a viagem da vida. Depois da cremação do corpo nada resta do Homem, mas o Artista não morre. Permanece a obra em museus, casas particulares e lugares públicos. Revelando um gosto especial pela temática social, Júlio Resende manifesta forte influência do expressionismo e do cubismo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"É bom ter amigos em cargos importantes"

"É bom ter amigos em cargos importantes", W. Buffet dixit (ver mensagem anterior). Nada que não soubéssemos já. Uma vez na vida, pelo menos, beneficiámos da experiência de conhecer alguém bem posicionado. Por cá, chama-se "cunha" a este "empurrãozinho" para obter um pequenino favor... ou de um tamanho que só Deus sabe...

Verdadeira instituição que, sendo muito nossa, prolifera à escala global. Com outros nomes, mas com igual funcionalidade. Ninguém escapa à sua prática. Aquele "jeito" para ganhar tempo no atendimento de uma repartição pública ou num qualquer serviço de saúde e outros, muitos outros casos. Quem não recorreu a um qualquer destes expedientes que atire a primeira pedra. Não vale mentir.Habituámo-nos a isto como uma fatalidade. Quase aceitamos, mas há limites. Ocorrem-me alguns casos inaceitáveis.

Uma notícia recente dava conta de Escolas que abriram concurso para colocação de professores, exigindo tais condições que, dizem os interessados, apontam directamente para uma determinada personalidade. Assim sendo, mais valia acabar com o rótulo de concursos e contratar directamente os "eleitos" pelas direcções.

Um segundo caso. Vão ser retomados os concursos na função pública. Aplaudo, mas segundo os jornais, a nomeação ficará dependente do Governo que deve escolher um dos primeiros. Vislumbra-se aqui uma distorção de critérios ou será que estou errada?


Injustiças, cunhas e situações pouco transparentes podem também ocorrer com as alterações à Lei dos Despedimentos. Uma leitura atenta leva-nos a tais receios...

domingo, 18 de setembro de 2011

"Parem de mimar os super-ricos"




Warrren E. Buffett será, de certo, o americano mais badalado nestes tempos de crise. Pela coragem que assumiu ao criticar o favorecimento dado aos ricos: em carta pública explica a injustiça da tributação nos Estados Unidos...




"Os nossos dirigentes pediram "sacrifícios partilhados". Mas eu fui poupado a esse pedido. Falei com os meus amigos megarricos, para saber quais as aflições de que estavam à espera . Também eles tinham escapado.

Enquanto os pobres e a classe média combatem por nós no Afeganistão, e enquanto a maior parte dos americanos sofre tormentos para esticar o dinheiro, nós, os megarricos, continuamos a beneficiar de extraordinárias reduções de impostos. Alguns de nós somos gestorres de investimentos e ganhamos milhares de de milhões graças ao nosso esforço diário mas é-nos permitido classificar os nossos rendimentos com "comissões de desempenho"(carried interest, participação nos lucros a título de compensação pela gestão9 e conseguimos assim uma taxa de imposto de 15% - uma verdadeira pechincha. Outros adquirem contratos de futuro sobre índices de acções durante dez minutos e vêem 60% dos seus ganhos tributados a 15% como se fossem investidores a longo prazo.

Os legisladores de Washington derramam estas e outras benesses sobre nós. Parecem sentir-se na obrigação de nos proteger, como se fossemos mochos da floresta ou qualquer outra espécie ameaçada. É bom ter amigos em cargos importantes.

No ano passado, a conta dos meus impostos federais foi de 6.938.744 dólares (4.800 milhões de euros) - o imposto sobre o rendimento que paguei, bem como o imposto sobre o salário que paguei ou foram pagos em meu nome. Parece muito dinheiro mas a verdade é que representa apenas 17,4% do meu rendimento colectável - uma percentagem inferior à que foi paga por qualquer outra das 20 pessoas que trabalham nos nossos escritórios. A carga fiscal dessas pessoas oscilou entre os 33% e os 41%, o que dá uma média de 36%.

Quem ganha dinheiro com o dinheiro como fazem alguns dos meus amigos super-ricos, pode ter uma taxa um pouco mais baixa do que a minha. Mas quem ganha dinheiro porque tem um emprego pagará sem dúvida uma taxa superior à minha - muito provavelmente muito superior.(...)

Os meus amigos e eu já fomos suficientemente mimados por um Congresso que favorece os multimilionários. Chegou a altura de o Governo levar a sério a partilha dos sacrifícios."



In Expresso, 20 de Agosto de 2011.