terça-feira, 30 de novembro de 2010

Folhas caídas em Novembro...

Novembro, folhas caídas de Outono. Imagens de sombra e frio que precedem o Natal. Repetição de um ciclo de vida que se configura nas estações do ano. Morrer e renascer, porque é assim a Natureza...
Encarnando em Ricado Reis, Fernando Pessoa exprime esses sentimentos...


"Nada fica. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas
— Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada."

Ricardo Reis

domingo, 21 de novembro de 2010

Noivado do Ano


Notícia atrasada, mas não esquecida. Finalmente, no dia 16 de Novembro o anúncio do noivado de William e Kate. E sendo tão longo o namoro, augura-se um casamento feliz. Eles merecem e todos nós gostamos, afinal não é esse o final próprio das histórias de princesas? Assim aprendemos na infância...

Abstenho-me de comentar o noivado, uma vez que os media hão-de esmiuçar cada pormenor. Porém, não resisti à fotografia do anel de noivado. O mesmo que Carlos ofereceu a Diana. Superstições à parte, pensei que Kate teria desejado um outro anel. Menos valioso, mas que simbolizasse um amor mais verdadeiro...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Castanhas, maçãs e batatas...














A culpa é das "castanhas quentes e boas" que, por estes dias, chamam por nós. Castanhas e maçãs que outrora representaram a base da alimentação na Península Ibérica e nas Gálias. E tudo isso aconteceu até ao século XIX quando a cultura da batata invadiu a Europa. Explicada assim a associação de produtos diferentes, mas com idêntica funcionalidade...

A mente projecta-nos em várias direcções e, no caso presente, levou-me até aos anos 60, à oral de Antropologia Cultural e ao professor Jorge Dias. Nesse exame que mais parecia uma maieutica socrática, aprendia-se muito, coisas para nunca mais esquecer. Tal é o caso do tubérculo americano, pomme de terre, cujo nome passou a designar uma outra variedade de pomme (maçã).

Mais uma prova da complexidade cerebral. O símbolo do concreto ou como coisas simples sugerem situações e pessoas. Desta vez, a memória viva de um Professor que morreu precocemente. Jorge Dias, personalidade fascinante, que merece ser lembrado.

Adeus, olá!




O Senhor do Adeus, um registo em fado...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Morreu o Senhor do adeus !

Quando o calendário assinala a festa e o convívio, os media publicam uma notícia triste: a morte de João Serra, o Senhor do adeus durante a noite de S. Martinho. Figura popular de Lisboa que, no Saldanha, acenava, sorrindo... para quem passava de carro.

As origens burguesas transpareciam no porte e no gesto de uma existência que a perda da mãe lançou num isolamento indescritível. A solidão da noite contornava-a, saindo de casa para a Praça do Saldanha, onde "convivia" com os passantes. Partiam dos jovens as manifestações mais esfusiantes e essas buzinadelas, acenos rasgados e gritos deixavam-no feliz. Devo confessar que, da primeira vez, julguei-o mal. Desconhecia a sua história.

Desde então, aquela aparente insanidade passou a significar o drama dos solitários desta cidade...e de todas as vilas e aldeias deste mundo. Gente que busca o jardim, que toma o autocarro até fim da linha e, de imediato, regressa. Gente que trata pelo nome os empregados do supermercado, do café, da farmácia e do banco. Gente que, embora conhecida por "todos no bairro", recebe pouca atenção daqueles com quem entabula conversa. Vagarosos e sem pressa, uns, enquanto outros prosseguem na agitação da corrida diária.

Todavia, o Senhor do adeus conquistou muitos "amigos". Mereceu até as honras de um fado e hoje foram muitos os que, no Saldanha, repetiram o seu gesto. E nessa postura e riso podia-se adivinhar emoção e tristeza...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Há 21 anos em Berlim...

No dia 9 de Novembro de 1989 começava a queda do Muro de Berlim. A memória da História forçou a mudança: duzentos anos depois da Revolução Francesa e nas vésperas de comemorar o Armistício em 1918. A liberdade triunfava, a esperança reinava...

Efemérides de um tempo por nós vivido. E, hoje, 21 anos depois, que futuro para a Europa?

Worten, compras e empregados


Um desabafo de quem foi às compras. Um aparelho de tv na Worten. Entendo que alguns não gostem da Worten, mas não é o meu caso. Neste grande espaço do grupo Belmiro de Azevedo encontro sempre tudo, desde o mais básico electro-doméstico à mais sofisticado aparelhagem audio-visual. A dificuldade reside na escolha. Acertada a compra com a promessa de ligação do novo aparelho à Zon Box. ficou marcada a data de entrega para hoje, dia 9 de Novembro das 14 às 20 horas. Aqui começa o problema.

Hoje, às 12 h 26 m, recebi um contacto telefónico, feito de um número desconhecido, da parte da Worten. Uma simpática senhora inquiria da minha disponibilidade para receber o citado aparelho "dentro de meia hora". Como não tenho por hábito dificultar a vida a ninguém, acedi. Mas, receando uma entrega atabalhoada devido ao adiantado da hora, repeti a pergunta acerca da ligação da TV. Resposta afirmativa. Começa a contagem de espera. Exasperante.

Passados mais de 60 minutos, contactei o número de atendimento geral da Worten que, durante largos minutos, me "deu música". Entretanto, tocam à porta. Um empregado entra com uma caixa que deposita na sala. Declara que não tem ordens para ligar o aparelho. Chama um segundo empregado que, durante mais de cinco minutos, clamou contra o trabalho e os vendedores das Lojas Worten que só querem vender para receber as comissões. Perdi a paciência e respondi-lhe que, sendo assim, o melhor seria levar o aparelho. E neste desaguisado, fui nomeando a vendedora de Telheiras, pedindo-lhe que a contactasse. Que não, porque ele pertencia a uma empresa de distribuição. Se era assim, sugeri-lhe que telefonasse ao seu chefe. Esperou pelo contacto do chefe e assisti a uma conversa mais mansa. Que não, só devia fazer a ligação aos quatro canais. Face a tudo isto, perguntei qual o tempo necessário para ligar à Zon Box e ainda quanto me cobraria pela prestação desse serviço. Cinco minutos foi a resposta.

Não pude deixar de comentar que, se tivesse começado logo, já estaria na rua. E só nesse momento o empregado recalcitrante começou a abrir a caixa. Em menos de cinco minutos o aparelho ficou a funcionar em todos os canais e não vi introduzir nenhum soft ware. Pelo menos, a embalagem do cd continua por abrir...

Notas finais. A primeira para condenar a falta de profissionalismo da maioria dos empregados. Inqualificável a falta de educação com que tratam os clientes. Para a Worten fica um conselho. Depois da formação dada aos vendedores, que considero impecável, cuide dos serviços de entrega. Há por aí muitas empresas e desempregados...Talvez falte é vontade de trabalhar. Por fim, à maneira das fábulas, direi que este caso prova que vale mais cumprir o estipulado do que facilitar. E ainda concluí que nunca se deve trabalhar de estômago vazio...

domingo, 7 de novembro de 2010

Elis Regina




Elis Regina. Apetece ouvi-la, muitas e muitas vezes.

sábado, 6 de novembro de 2010

Novembro, crisântemos e finados...

A tradição e os clichés persistem no nosso imaginário. É assim Novembro, mês de finados e de crisântemos, o mesmo é dizer culto da família e daqueles que já partiram. Ausência sem regresso que a lembrança aviva, contornando a morte.

Tempo especial para recordar. Ninguém escapa a isso, mesmo os que recusam as manifestações exteriores nos cemitérios. Para traduzir esses sentimentos de perda, escolhi José Luís Peixoto num poema com o qual me identifico. Palavras onde todos nos reconhecemos, apetece-me dizer.


"Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de põr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco. "

(JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in "A Criança em Ruínas"/ Edições Quasi

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Leopoldo III, rei da Bélgica


O interesse pelo nosso mundo passa também pelas efemérides. Passatempo, diversão, pretexto para divagar e recordar. Aconteceu hoje...

No dia 3 de Novembro de 1901 nasceu Leopolodo III da Bélgica que reinou entre 1934 - 1951. Participou na I Guerra Mundial e, estando já no "ofício de rei", viveu os efeitos do imperialismo nazi. As dificuldades do post II Guerra Mundial e o ambiente de conflitualidade geraram um desgaste político que conduziu à sua abdicação, sucedendo-lhe seu filho, Balduíno, que reinou até ao fim dos seus dias em 1993.

A memória do povo belga persiste no registo do rei Leopoldo III e do "casamento perfeito" com a Princesa nórdica, neta do rei Oscar II da Suécia e de Frederico VIII da Dimamarca. Dessa união nasceram três filhos: Josefina Carlota, Balduíno e Alberto. Porém a rainha Astrid não estava destinada à felicidade. Morreu inesperadamente no dia 29 de Agosto de 1935, próximo de Lucerne, num desastre de automóvel, que Leopoldo conduzia.

Mais tarde, em 1941, o Rei casou morganaticamente com Lilian Baels, que ficou conhecida como Princesa de Réthy. Deste casamento nasceram três filhos.

Para mim esta memória contém outra memória. A de um dia 29 de Agosto ( 1975) na Bélgica quando um jornal assinalava a data daquele fatídico acidente. E como as recordações são como as cerejas, na minha mente passei as imagens de um casamento régio que a RTP ( ainda nos primórdios) transmitiu em directo: Balduíno, o rei de sorriso triste, e a terna Fabíola. Aconteceu no dia 15 de Dezembro de 1960.

Memórias Alentejanas do Século XX

Memórias Alentejanas do século XX, uma recolha de testemunhos que a investigadora Maria Antónia Pires de Almeida acaba de publicar. Enfoque dado às fontes orais que, partindo das histórias de vida daqueles que viveram a chamada reforma agrária. contribuem para a compreensão desses tempos conturbados.

Leitura obrigatória para os estudiosos da História do Alentejo e não só. Saiba porquê.

"Este livro reúne uma série de entrevistas realizadas com o objectivo de estudar o processo da Reforma Agrária que se iniciou no Sul de Portugal no final de 1974 e se prolongou, nalguns casos, por duas décadas. Depois dos factos apurados, o que fica é a memória de toda uma população afectada por uma experiência marcante e controversa. Com a passagem do tempo, importa não esquecer uma particular vivência da ruralidade que já não existe, mas que formou gerações de pessoas num espaço hoje já irreconhecível. Depois da leitura destes testemunhos, talvez se volte a olhar para o espaço rural alentejano, agora desertificado, como um controverso lugar também de vida, onde muitas pessoas, ao ritmo das estações e dos trabalhos agrícolas, desenvolveram os seus projectos pessoais, assumiram interesses comuns e se envolveram numa dinâmica social e política ímpar em Portugal em que deixaram ficar a sua marca. A autora alia o seu legado familiar pessoal à sua actual qualidade de cientista e académica para, dando voz aos verdadeiros protagonistas da sua obra, prestar com ela, no rescaldo da história, a sua própria homenagem pessoal a todos os alentejanos."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Inverno em Moscovo

Moscovo prepara-se para viver mais um Inverno. Entretanto, regista-se o primeiro nevão que mal deixa vislumbrar a Basílica de S. Basílio.