sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Machado de Assis e os bancos

Imagem medieval que, por outras formas e expressões, continua actual.

Na sequência da mensagem anterior, fui repescar Machado de Assis ( passa este ano o centenário da sua morte) que, em palavras simples, diz o que todos já sabíamos...


"Nem tudo se perde nos banco; o mesmo dinheiro, quando alguma vez se perde, muda apenas de dono."
Machado de Assis, Memorial de Aires

Um século depois da publicação desta obra, o mundo não mudou.
As notícias dos últimos dias (e o mais que aí virá) comprovam a ganância e a corrupção que grassa nos meios financeiros e económicos.
E o mais grave é que a situação atingiu uma tal dimensão que, por vezes, perdemos a confiança em todas as instituições, ainda que geridas por ilustres personalidades!

Operação Furacão

A imagem de um furacão corresponde a uma tempestade de ventos fortes, trovoadas e chuvas devastadoras. A fotografia é bem sugestiva do encadeamento do fenómeno, uma espiral crescendo até uma dimensão inacreditável...
Mas hoje os jornais não tratam deste fenómeno natural, o furacão é outro...


"SOL revela todo o esquema

Investigadores descobrem milhões do ‘Furacão’ na Suíça
Por Felícia Cabrita

Grande parte do dinheiro obtido ilicitamente por centenas de empresários através do esquema de fraude fiscal investigado na ‘Operação Furacão’ está depositado em contas bancárias na Suíça."

O jornal descreve o complexo esquema de fraude fiscal que lesou o Estado em muitos milhões. Tratava-se de uma organização perfeita entre empresários, banqueiros e seus funcionários de confiança que permitia arrecadar avultadas quantias em dinheiro, totalmente livres de quaisquer impostos.
Como se adivinha, a notícia desencadeia uma série de comentários na página do jornal SOL. Quem quiser, é só consultar a página na Internet.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Criança feliz





O que faz uma criança feliz?
Poderia resumir: muito carinho, bom trato e brincadeira.
À medida que cresce a criança torna-se mais exigente, mas no essencial permanecem essas três vertentes.

Fundamento esta opinião com as lembranças de infância. Recordo muitas pessoas desse tempo e, curiosamente, é dos mais velhos que tenho mais saudade: os seus gestos e palavras de ternura, as coisas bonitas que tinham para me mostrar, o muito que me ensinaram...

Não sei bem por que falo neste assunto ou, quem sabe, talvez isso esteja associado ao Gonçalo e à sua maneira de ser feliz.

Apresento-o. Tem 8 anos e é um menino muito querido dos pais e de toda a família. Frequenta a 3ª classe (hoje, diz-se 3º ano) e gosta muito de aprender coisas novas. Além das matérias curriculares, os pais inscreveram-no noutras actividades: matemática a brincar, natação, orgão, futebol e, a seu pedido, xadrez.

Achei um bocadinho exagerado, mas dizem que não. Trabalha com gosto e, saindo um pouco depois das 17 horas, ainda encontra tempo para brincar...
Em resumo, o Gonçalo é uma criança feliz, salta e ri com alegria. Dá gosto encontrá-lo e receber o seu abraço!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alcochete



Vila ribeirinha que o Tejo engrandece: Alcochete. Próxima de Lisboa e, simultaneamente, afastada da grande cidade, mantém as características de uma vila pacata, onde vale a pena passear e, de certo, morar.

Foi este o meu sentir ao visitar a vila, aonde não ia há muitos anos...passando ao lado, nunca parava.
Quando em terras distantes, os portugueses queriam descrever um lugar tomavam como referência a vila branca de Alcochete. E, talvez, por isso os seus habitantes sejam tão avaros da sua história do tempo das descobertas...

Passear à beira-Tejo, almoçar numa das várias esplanadas (ou tomar apenas café), visitar as igrejas e praças é um prazer simples e que aconselho vivamente. Andar ao acaso pelo centro histórico, observar a arquitectura até encontrar a figura (algo contestada) do salineiro e, depois, demorar os ollhos na estátua do Padre Cruz, filho da terra, que a seus pés mantem sempre flores frescas...

No entanto, a vila sugere outros motivos de interesse. As bandas de música, a tradição taurina e os grupos de forcados, as salinas (hoje, desactivadas) e a reserva natural do Tejo.
Ali próximo fica o Freeport e, mais longe, a Academia do Sporting e, bem mais longe em espaço e no tempo, o futuro Aeroporto...
Afinal, tantas razões para desfrutar deste lugar privilegiado tão próximo de Lisboa!


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

De comboio para Petrópolis


Uma viagem de comboio foi sempre uma aventura, especialmente em tempos recuados.

E como sou uma leitora atenta e curiosa por essas narrativas de viagem de comboio ou de trem, como dizem os brasileiros, não resisto a transcrever uma delas. Criação do talento prodigioso de Machado de Assis em Memorial de Aires e que o autor localiza no ano de 1888, última segunda-feira de Janeiro.


"Ao subir a serra as nossas impressões divergiram um tanto. Campos achava grande prazer na viagem que íamos fazendo em trem de ferro. Eu confessava-lhe que tivera maior gosto quando ali ia em caleças tiradas a burros, umas atrás das outras, não pelo veículo em si, mas porque ia vendo ao longe, cá em baixo, aparecer a pouco e pouco o mar e a cidade com tantos aspectos pinturescos.
O trem leva a gente de corrida, de afogadilho, desesperado, até à própria estação de Petrópolis. E mais lembrava as paradas, aqui para beber café, ali para beber água na fonte célebre, e finalmente a vista do alto da serra, onde os elegantes de Petrópolis aguardavam a gente e a acompanhavam nos seus carros a cavalos até à cidade; alguns dos passageiros de baixo passavam ali mesmo para os carros onde as famílias esperavam por eles.

Campos continuou a dizer todo o bem que achava do trem de ferro como prazer e vantagem. Só o tempo que a gente poupa! Eu, se retorquisse e dizendo-lhe bem que se perde, iniciava uma espécie de debate que faria a viagem ainda mais sufocada e curta. Preferi trocar de assunto..."



Nota - Uma informação, recolhida no Google, acerca da via férrea Rio de Janeiro- Petrópolis:
A Estrada de Ferro de Petrópolis foi a primeira construída no Brasil. Coube o feito ao engenheiro Ireneu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá, após conseguir do Governo Imperial a concessão exclusiva para a navegação a vapor entre a cidade do Rio de Janeiro e o fundo da Baía de Guanabara.

A 16 de dezembro de 1856 os trilhos da estrada chegaram à Raiz da Serra, num total de 16 quilômetros, cumprindo Ireneu Evangelista de Souza o contrato firmado com o Governo Imperial. Por alguns anos a linha férrea atingiu aquela localidade. Para chegar a Petrópolis utilizava-se de uma estrada calçada de pedras aberta no meio da mata, que atingia o Alto da Serra, para utilização de diligências e carruagens.

A 11 de fevereiro de 1883 os trilhos chegaram a Petrópolis. Era um domingo, 9 horas da manhã, estando entre os primeiros passageiros a realizarem o novo trajeto o Imperador D.Pedro II, sua família e várias personalidades da Corte. No domingo seguinte, dia 18 de fevereiro, a estação foi inaugurada com pompa e circunstância pelo Imperador D.Pedro II.

Pipa





Conhecem este instrumento de cordas?
Chama-se pipa. Também conhecido como alaúde chinês, é tocado há mais de 2000 anos, estando na origem de outros instrumentos semelhantes no Leste e Sudeste asiático (Japão, Vietname e Coreia).

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Querer é poder...




Yes, we can: o lema de uma campanha eleitoral... lema que deve também aplicar-se a todos nós, Sim, nós podemos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Roses from...

"Roses from ....(o meu nome) ": assim começava um email enviado por uma amiga minha. Li e, no meu escasso Inglês, achei estranha a história. Passo a contar.

Fim de tarde de um dia de Verão, em passo ligeiro e apressado, uma senhora dirigia-se para casa, quando foi abordada por um jovem bonito, sotaque estrangeiro e que vestia um casaco a lembrar terras austríacas. Pedia ajuda, um emprego doméstico para a sua companheira e, tão delicada como o seu interlocutor, a senhora afirmou desconhecer qualquer pessoa interessada. Porém, olhando a mercearia da esquina, indicou esse local como o mais adequado para responder à procura de trabalho doméstico.

A esta sugestão retorquiu o jovem que essa ideia já ele tinha tido, mas sem sucesso. Face à negativa do merceeiro que desconhecia quem pudesse contratar uma empregada doméstica, o jovem interrogava, agora o que fazer? Quem poderia ajudá-lo?
Embora, confessando não trazer muito dinheiro, a senhora prontificava-se a abrir a carteira. Carregada com uma pasta de livros e umas rosas, atrapalhava-se à procura do porta-moedas. Então, delicadamente, o jovem pegou nas flores que devolveu depois de receber uma nota de 10 euros. Depois, agradeceu sorrindo e despediu-se com um beijo.
A senhora prosseguiu e, chegando à porta da mercearia, quis confirmar a história. Admirado, o merceeiro negou a visita e, depois, rindo comentou que a senhora, sua cliente, tinha caído no conto do vigário. Ela não negava e concluía que, apesar de tudo, tinha tido muita sorte, responsabilizando as rosas pela atitude civilizada do burlão...

A história terminava aqui, mas qualquer coisa ficava por explicar: que tinha eu a ver com tudo isto? Seria apenas uma brincadeira para testar os meus conhecimentos de Inglês? Só ficção ou um caso real?
A resposta não tardou. "Parece surreal, mas aconteceu comigo na Avenida .... a caminho de casa." E explicava que aquelas rosas tinha-lhe eu oferecido, naquela tarde de Julho, antes da partida para férias...
Caso de burla, cujo final feliz não atribuo às rosas. Acho sim que o jovem burlão se emocionou, por ver na minha amiga uma pessoa boa, atenta e pura de sentimentos que, de maneira educada, se prontificou a ajudar...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Projecto


Projecto, um assunto de que todos falam. Aplica-se a todo o género de actividades e temas.
Porém nem toda a gente pratica a metodologia adequada.
Por isso, deixo a receita de como realizar um bom projecto. Fala o cineasta...

A forma ideal de trabalhar um projecto é colocar uma questão, a qual não se conheça a resposta.
Francis Ford Copolla (2006).

Miguel Sousa Tavares


Assiste-se a uma onda de assaltos que ultrapassa o inimaginável. Assaltos direccionados para alvos bem escolhidos, personalidades relevantes que, talvez, possam incomodar os autores de tais actos ou seus mandantes...
Desta vez, coube a sorte (má sorte ) a Miguel Sousa Tavares. Jornalista e escritor por demais conhecido que, durante este fim de semana, foi vítima de assalto a sua casa de Lisboa. Obra bem planeada e com um único objectivo: roubar o seu computador portátil, papéis e documentos pessoais.

Foi um assalto que destruíu mais de um ano de trabalho e, dificilmente será recuperado...
Segundo o "24 Horas", foi um "golpe no coração" no dizer do escritor que, de facto, foi atingido na sua intimidade criativa...

Numa época do "vale tudo" já tudo se pode esperar. Só que o roubo do trabalho intelectual é para mim inadmissível, enquanto acto único e pessoal. É por isso urgente que se procure a identidade de tais malfeitores e, simultaneamente, se exerça uma vigilância cerrada ao aparecimento de um eventual plagiador...



Lisboa verde...

Finalmente, Lisboa vai concretizar um plano de "via verde". Significa isto que, até 2011, os lisboetas poderão passear em vastos corredores verdes, sem recear o incómodo da circulação automóvel, cultivar uma horta ou desfrutar o prazer de novos parques.

A tradição das hortas em Lisboa é tão antiga como a própia cidade. Mas o tempo não perdoa e esses espaços hortícolas acabaram confinados à periferia. No entanto, sempre existiram excepções. E assim foi que, na década de 1960, ainda pude observar belas couves galegas no Castelo de S. Jorge...

Da maior justiça será lembrar aqui o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles que, pela sua sabedoria e lucidez, soube defender o melhor para a cidade, opondo à onda de cimento armado um "plano verde": um projecto, finalmente, em vias de concretização!
Se tudo correr como o previsto, será a conquista de algumas dezenas de hectares de terras agrícolas, o que que não é de somenos importância. Dar aos lisboetas a possibilidade de cultivar a "sua horta" pode também ser entendido como uma boa notícia em tempo de crise. Muitas famílias poderão retirar daí o sustento de suas casas e, quem sabe, até vender os excedentes...
Nada que não aconteça já em Lisboa. Casos pontuais que nos remetem para as dachas da velha Rússia e que a Revolução de 1917 não conseguiu extinguir. Então, repartidas em pequenos lotes, cada nova dacha significava o "modo de produção" do agregado familiar, isto é, a resposta à necessidade dos bens alimentares básicos.
Curiosamente, esta produção, à maneira de jardim, atravessou o tempo do regime soviético e contribuíu para abastecer as grandes cidades, colmatando a ineficácia da economia estatizada...

sábado, 11 de outubro de 2008

Crise, qual crise?



A globalização e a crise. Assunto obrigatório, todos falam da crise, avançam palpites, mas ninguém sabe como vai acabar...
Apenas se sabe que todos vamos pagar os custos. Mas serão mesmo todos?

Das culpas, que são muitas e complexas, também já muito se disse. Entre outras razões, apontam-se má gestão, concorrência desenfreada, exigência de lucros, manipulação de dados e investimentos especulativos. E ainda no âmbito administrativo, acrescentam-se os chorudos vencimentos dos directores, incluindo prémios de produtividade, mesmo se o Banco sofre elevados prejuízos!
Onde escasseia a ética e os princípios de honestidade, superabundam a ganância, a corrupção e, por que não dizê-lo, a falta de vergonha...
Casos reais que nunca julgámos ver e viver. Pois então, pasme-se com o que vai acontecendo, quando a falência de um banco esteve por um triz, necessitando da "ajuda"do Estado... Leia-se a notícia de hoje, no Expresso.



Almoço de 150 mil Euros para "lamentar"crise de banco


A crise obrigou os governos do Benelux a nacionalizar o banco, mas os principais quadros vão juntar-se num almoço no Mónaco


Os executivos da divisão de seguros do banco Fortis, cujos activos foram comprados pelo BNP Paribas, não arranjaram melhor forma de lamentar a nacionalização do banco belga do que convidar 50 pessoas para uma refeição no prestigiado restaurante do Hotel Paris-Monte Carlo, o LouisXV, o mais caro do principado do Mónaco, segundo noticiou ontem o jornal do "El Mundo". O jornal cita a publicação do diário belga "De Morgen", o qual revela que o almoço vai custar 150 mil euros, estava marcado há uns meses. Ainda segundo o "De Morgen" vão estar presentes no almoço "alguns membros da direcção e sobretudo corretores e intermediários externos", como referiu um porta-voz da seguradora do nacionalizado banco belga.

Esta polémica surge dias depois de se ter sabido que os executivos da seguradora norte-americana AIG passaram uma semana de férias num luxuoso hotel na Califórnia, o Monarch Beach, pouco tempo depois da Reserva Federal ter injectado 85 mil milhões de dólares na seguradora. Neste hotel cada suite custa mil dólares por noite e lá terão gasto mais de 440 mil dólares.



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Citroen



A marca Citroen tomou o nome do seu criador, engenheiro francês que, durante a I Guerra Mundial, produziu armamentos e, em 1919, iniciou a aventura automóvel.
Morreu o criador, mas a marca prosseguiu com novos modelos, entre os quais se conta o célebre "Dois Cavalos". Automóvel barato, acessível às classes médias em início de vida. Para muitas famílias representou a alegria de ter um carro...

Leve e balouçante que, lembro-me bem, mais parecia um berço que transportou gerações e embalou muitos bébés e crianças. Pois, o "Dois Cavalos" faz anos e, se não puder visitar a exposição comemorativa, leia a descrição do afamado modelo...


Em Maio de 1939, foram produzidos 250 protótipos para o Salão Automóvel, mas veio então a guerra e, com ela, a ocupação alemã na França, o que interrompeu de imediato o processo de desenvolvimento. O relançamento aconteceria a 7 de Outubro de 1948 quando foi apresentado no Salão de Paris. Surgiu com um motor de 2 cilindros, refrigerado a ar, de 375 cm3 e 9 CV de potência. Possuia pela primeira vez uma caixa de 4 velocidades de produção em série. Pesava 500 quilos, atingia a velocidade máxima de 65 km/h e tinha o consumo médio de 4,5 l/100 km.


Setubalense, 10 de Setembro 2008